Que a minha alegria esteja em vós! (Jo
15,9-17)
Qual
será a motivação central da alegria cristã? Este Evangelho nos apresenta mais
de um motivo para nossa alegria. Entre outras coisas, Jesus diz aos discípulos
(e a nós!) que eles devem amar-se mutuamente. A seguir, ele nos qualifica como
seus “amigos”, e não meros servidores. Um degrau acima, Jesus afirma que nos
deu a conhecer o Pai. Será suficiente para nossa alegria?
No
mundo pagão, a alegria transformou-se em mercadoria. Paga-se para experimentar
algum tipo de alegria, como se ela brotasse da diversão, e não da conversão. É
o caso de um show musical, de uma
viagem ao Caribe, de um passeio à Disneylândia, do último filme premiado com o
Oscar ou de quatro noites de Carnaval. Como se sabe, alegrias que duram pouco.
Sujeitas a chuvas e trovoadas. Como disse o poeta da “Marcha da quarta-feira de
Cinzas”, o inspirado Carlos Lyra, “pra tudo se acabar na quarta-feira”.
Neste
Evangelho, Jesus quer juntar ao dom da paz o dom da alegria. “Estas duas
palavras – observa Louis Bouyer – aparecem constantemente nos escritos dos
primeiros cristãos, e é a união delas é a principal característica do espírito
cristão primitivo.” As saudações judaicas falavam de paz: o grande Shalom. Os cumprimentos dos gregos
preferiam a alegria. É dessa alegria que se fez a saudação de Gabriel a Maria
de Nazaré: Chaire! Alegra-te!
Os
cristãos souberam reunir as duas palavras – paz e alegria - como o anseio por
uma bênção em plenitude. E sabiam muito bem que essa bênção não podia ser
comprada nem fabricada, pois Jesus tinha anunciado: “Eu vos dou a minha paz...
não como o mundo a dá...” (Jo 14,27) É puro dom, não é conquista.
Enfim,
para vislumbrar a alegria cristã, podemos voltar ao tríplice anúncio que Jesus
acabava de fazer: o amor entre irmãos, a amizade com o Filho, a vida filial com
o Pai. A alegria é impossível sem o amor. É a alegria de ser amado que torna
possível a alegria de amar. Uma vez agraciados com o amor trinitário, nosso
coração se ampliará e irá irradiar aos outros a mesma alegria.
Orai sem cessar: “Devolve-me,
Senhor, a alegria de ser salvo!” (Sl 51,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário