Erguendo os olhos aos céus... (Jo 17,1-11a)
Os
homens desta época andam de olhos baixos, fitando o chão. Não esperam nada “do
alto”. Isto significa que eles contam apenas consigo mesmo, com seus recursos,
com seus esforços. Não admira que vivam tensos, estressados, esgotados na luta
pelo pão, pela roupa, pela saúde.
Claro,
é coisa de pagão. O próprio Jesus havia alertado: “São os pagãos que se
preocupam com essas coisas. Vosso Pai que está nos céus sabe que precisais de
tudo isso”. (Mt 6,32) Com esta frase, o Mestre nos convidava a esperar de Deus
as coisas essenciais de nossa vida, o que não dispensa – óbvio! – nossa
cooperação pessoal.
Jesus
de Nazaré é nosso exemplo perfeito para a experiência de uma vida filial,
quando jamais se perde a relação com o Pai, sabendo que Ele tudo provê: “Agora
eles sabem que tudo quanto me deste vem de ti”. (Jo 17,7) Neste Evangelho,
Jesus reza por si mesmo e por seus discípulos, mas sua prece é iniciada por um
olhar: “erguendo os olhos ao céu”. O gesto manifesta o destinatário da
oração...
Eis
o comentário do monge André Scrima: “Jesus já ergueu os olhos ao céu quando ele
abençoou os pães e os multiplicou. E também quando rezou por ocasião da Ceia e
abençoou. Desta vez, entretanto, é ele mesmo que se oferece e abençoa: ele
oferece a si mesmo em oferenda. Ademais, isto acontecia diante do povo ou dos
discípulos. Agora, no presente, isto se realiza somente diante do Pai. Neste
instante, Jesus é verdadeiramente o único sacerdote, o sumo-sacerdote que só
pode sacrificar a si mesmo, pois ele é “a oferenda”.
Jesus
vem do Pai. Jesus vem a nós em nome do Pai. Jesus aceita o convite do Pai para
se dar em sacrifício (cf. Hb 10,5-7). A cada milagre, Jesus sabe que age pelo
Pai (cf. Jo 11,41b). No clímax de seu sacrifício, Jesus se abandona ao Pai e
brada: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. (Lc 23,46)
Quando
deixaremos de olhar para o chão? Quando começaremos a olhar para o alto? Quando
passaremos a erguer os olhos ao céu, como filhos confiantes que tudo esperam do
Pai?
Orai sem cessar: “Tenho os
olhos fixos no Senhor!” (Sl 25,15)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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