Qual deles era o maior... (Mc 9,30-37)
O orgulho e a
vaidade são traços dominantes no gênero humano. Nem precisamos de grandes
motivos para deflagrar o orgulho em nosso coração. Uma historieta antiga serve
de bom exemplo para nós...
A caminho da
Terra Santa, em plena Idade Média, caminhavam juntos um beneditino, um
dominicano e um franciscano. Os três frades passavam boa parte do tempo a
decantar os louvores de sua própria Ordem. As comparações duraram longos meses.
Até que, um dia, para pôr um ponto final no tema, o beneditino suspirou e
disse:
- Tudo bem!
Vocês têm razão. Mas, em liturgia, ninguém como nós!
E era
verdade. O esplendor das liturgias dos filhos de São Bento sempre foi
inigualável. O dominicano pigarreou e concordou:
- Tudo bem!
Mas, na pregação, ninguém como nós!
Também era
verdade. Como superar a oratória dos discípulos de S. Domingos?!
Houve uma
pausa. Um breve silêncio. E os dois olharam para o filho de S. Francisco de
Assis. Não fazia um belo quadro. A velha batina rota, empoeirada, toda
remendos, sandálias fazendo água, a barba ruça já chegando ao peito... Mas o
bom irmão não perdeu a pose. Raspou a garganta e atacou:
- Tudo
bem!... Mas, em humildade... ninguém como nós!
Assim somos
nós. Sempre achamos motivos para contar vantagens e nos destacarmos entre os
nossos irmãos. Assim, ninguém apanhe pedras à beira do trilho para atacar os
dois apóstolos do Evangelho de hoje. Chegando a Cafarnaum após dura caminhada,
assim meio distraído, Jesus pergunta sobre o tema que causara entre eles algum
tipo de controvérsia.
Silêncio
total. É que eles discutiam – que santos alunos Jesus arranjara! – qual deles
seria o maior. Podemos ajudá-los? 5 pescadores galileus, pele assada de sol,
mãos grossas e o jeito bronco de roceiros, tudo realçado pelo sotaque caipira.
2 guerrilheiros (duas espadas! Cf. Lc 22,38) à espera de um Messias político.
Um ex-cobrador de impostos, especialista em aumentar a cobrança e guardar um
percentual... E vai por aí afora. Quem seria o maior?
Jesus puxa
para o meio da roda uma criança que brincava ali perto. E aponta para ela: não
percam tempo querendo ser grandes. Sejam pequeninos. E falando em pequenez,
quem recebe um destes pequeninos em meu nome, é a mim que acolhe. Se vocês querem
ser grandes, sejam o último da fila. Sejam aquele que se faz servo dos outros
irmãos...
Orai sem cessar: “O Senhor eleva os humildes.” (Sl 147,6)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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