Quem não é contra nós, é por
nós... (Mc 9,38-40)
Já sabemos que o Espírito
sopra onde quer. (Jo 3,8.) O Concílio Vaticano II reconheceu a existência de
“sementes da Palavra” (cf. Ad Gentes, 11) em todos os povos e
sociedades. Por isso mesmo, ninguém deve espantar-se de que Deus venha a agir
por meio de pessoas de boa vontade que não pertencem à nossa Igreja, não
professam a nossa fé e nem mesmo tenham sido batizadas.
A tentação que nos
assalta é a de assumir uma atitude “exclusivista”, apresentando nosso modo de
ser como o “único caminho” e, ao mesmo tempo, condenando à exclusão (ou ao
inferno!?) todos os diferentes que não têm a carteirinha de nosso clube.
Trata-se de uma atitude tipicamente sectária, que não admite nenhum bem fora de
seu próprio quintal...
Este lamentável
partidarismo pode ser agravado a ponto de sentirmos ciúmes quando Deus age
através de outros grupos, movimentos ou pessoas. Em lugar de nos alegrarmos com
o bem realizado, assumimos atitudes de crítica, apontamos falhas e defeitos,
zombamos acidamente daquilo que não temos possibilidade (ou coragem) de imitar!
Um caso concreto,
em nossos dias, diz respeito aos movimentos e comunidades novas, onde o dedo de
Deus se faz visível quando eles assumem diaconias, cuidam dos moradores de rua,
alimentam os pobres, acolhem menores abandonados, reavivam a adoração ao
Santíssimo Sacramento, pregam um Evangelho exigente. Se nosso grupo, paróquia
ou Instituto está morno, será ainda maior o risco de apontar um dedo acusador
contra estes irmãos que se esforçam por dar uma resposta a Deus que chama a
amar...
Jesus não poderia
ser mais claro: “Quem não é contra nós, é por nós”. Se temos sensibilidade
eclesial, perceberemos que a Igreja se enriquece com a diversidade dos
carismas, por mais estranhos que eles tenham sido na História, como os
estilitas (que passavam a vida sobre uma coluna), os eremitas do deserto (como
Charles de Foucauld em pleno Séc. XX) ou os “loucos de Deus”, andarilhos que
palmilhavam continuamente as estradas da estepe russa.
Os contemplativos,
no silêncio, rezarão pelos missionários das aldeias indígenas. Os agentes que
fazem a animação das associações de bairro darão graças a Deus pelo louvor
barulhento de seus irmãos carismáticos. E o Reino de Deus crescerá no meio de
nós...
Somo ou divido?
Reconheço o dedo de Deus no meio dos meus irmãos diferentes de mim? Ou cedo à
crítica, à calúnia e à maledicência?
Orai sem cessar: “Oh! Como é bom e agradável irmãos
unidos viverem juntos!” (Sl 133,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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