Sereis odiados... (Mt 10,16-23)
É dura esta advertência do Senhor!
Então, nós aderimos a Jesus Cristo, acolhemos o Messias e – exatamente por isso
– nos tornamos o alvo preferencial dos poderosos?!
Sim. Exatamente isto. E não devia
ser difícil de compreender. Se Jesus se apresenta como o único Senhor, não
podemos dar a César o que cabe a Cristo. Aliás, o próprio César pertence a
Cristo, ainda que César não o saiba ou não o queira aceitar... E o simples fato
de proclamar que “Jesus é o único Senhor” nos transforma em ameaças vivas aos
poderes deste mundo, que não podem tolerar em nós uma liberdade tão ampla e
profunda que nos deixa dispostos a morrer por Cristo, tal como a imensa legião
dos mártires que se opuseram ao nazismo de Hitler e ao comunismo de Stálin.
Há uma oposição radical entre o
“príncipe” deste mundo e o Reino de Cristo. O mundo quer acumular riquezas,
enquanto o Cristo é pobre. O mundo persegue a fama, enquanto Cristo lava os pés
de seus apóstolos. O mundo anseia por prazeres sem conta, enquanto Cristo
abraça a sua cruz e sobe o Calvário.
Historicamente, quando se forma um
império sedento de poder e dominação, a figura de Cristo e seus seguidores
sofrem implacável perseguição. Mesmo em nossos tempos, os valores morais do
cristianismo são considerados como freio indesejável à expansão de poderosos
grupos econômicos interessados em ganhar dinheiro com a exploração de homens e
mulheres, ainda que as motivações por eles confessadas sejam de outra ordem,
como o combate a epidemias, o equilíbrio ambiental e a ordem social.
Não admira que, aos olhos do mundo,
Jesus Cristo apareça como um perdedor, um derrotado, objeto de terrível anátema
social. Escândalo para os judeus, loucura para os pagãos, diz Paulo aos
cristãos de Corinto. Não admira que, ainda hoje, um jovem possa hesitar no
seguimento de Jesus, considerando que deverá sofrer “prejuízos” para segui-lo.
E é o próprio Paulo quem nos fala de
sua opção radical pelo Senhor Jesus: “Mas tudo isso, que para mim eram
vantagens, considerei perda por Cristo. Na verdade, julgo como perda todas as
coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu
Senhor. Por ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar
Cristo e estar com Ele”. (Fl 3,7-9a)
Orai sem
cessar: “Senhor,
teus inimigos perecerão!” (Sl 92,10)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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