Vieram pôr-se à mesa com Jesus... (Mt
9,9-13)
Quando participamos da Eucaristia, nós fazemos parte da mesa de Jesus. E
isto é uma honra para todos nós.
Quando os publicanos e pecadores se sentaram à mesa com Jesus, sua
presença foi considerada uma desonra para o Mestre de Nazaré.
É que
sentar-se à mesa com alguém significa situar-se no mesmo nível que ele. Entrar
em comunhão com ele. Dize-me com quem comes, e te direi quem és...
Ora, os publicanos eram judeus que, sob a ocupação romana na Palestina,
prestavam-se ao servicinho sujo de cobrar os impostos que seriam repassados aos
dominadores. Não é preciso grande esforço de imaginação para adivinhar os
apelativos com os quais eram tratados por seus compatriotas. Além do mais, pelo
fato de estarem em permanente contato com os “cães” romanos, os publicanos eram
considerados ritualmente “impuros”, isto é: anátemas, intocáveis...
Pior ainda: No Evangelho de hoje, está registrado que Jesus chegou ao
extremo de convidar um deles – Levi-Mateus – para integrar o seleto grupo dos
Doze. Mal ouviu aquele imperativo convite – Segue-me! -, o publicano
abandonou seu telônio e seguiu o Mestre. E achando que a ocasião merecia uma
comemoração, organizou um banquete em sua casa, com a presença de seus colegas
de profissão.
Os judeus mais “religiosos” – aqueles fariseus que se julgavam
superiores, traziam fragmentos da Lei em suas filactérias e rezavam de pé nos
portais do Templo (onde poderiam ser vistos em sua piedade por todos os
passantes) – aproveitaram a ocasião para condenar em alta voz o comportamento
nada canônico do Galileu.
Novidade? Creio que não. Ainda hoje os cidadãos mais honestos sentem
grande dificuldade em entrar em diálogo e se aproximar dos decaídos do sistema,
como os presidiários, os mendigos, os drogados e os que exercem outras
atividades menos nobres... Também nós corremos o risco de considerar que somos
melhores que os demais, ignorando que qualquer coisa boa em nossa vida é, no
fundo, pura graça de um Deus bondoso.
Por isso mesmo, foi imediata a resposta de Jesus: quem precisa de médico
são os doentes. Quem precisa de salvação são os pecadores.
Talvez seja útil lembrar a frase de um santo: “Se eu pequei, Deus me
perdoou. Se eu não pequei, Deus me sustentou.”
Orai sem cessar: “É o Senhor que
perdoa as tuas faltas.” (Sl 103,3)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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