Os anjos de Deus... (Jo 1,47-51)
Com a vulgarização de obras inspiradas nos modismos da Nova Era,
assistimos a uma inundação de lendas e superstições a respeito de anjos. Na
prática, era como se fossem duendes ou sílfides da floresta medieval, flanando
aqui e ali, como seres brincalhões e independentes, em total discordância
daquilo que a Bíblia nos revela.
Que nos ensina a Santa Igreja sobre a natureza dos anjos? Primeiro, eles existem.
“A existência de seres espirituais, não-corporais, que a Sagrada Escritura
chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a
respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição.” (Catecismo,
328.)
Que tipo de criatura são os anjos? Santo Agostinho explica: “Anjo [do
grego “angelos”, mensageiro] é designação de encargo, não de natureza.
Se perguntares pela designação da natureza, é um espírito; se perguntares pelo
encargo, é um anjo: é espírito por aquilo que é, enquanto é anjo por aquilo que
faz”. Os anjos estão permanentemente a serviço de Deus. “Por todo o seu ser, os
anjos são servidores e mensageiros de Deus. Porque contemplam
‘constantemente a face de meu Pai que está nos céus’ (Mt 18,10), são “poderosos
executores da sua palavra, obedientes ao som da sua palavra” (Sl 103,20). (Cf. Catecismo,
329.) “Enquanto criaturas puramente espirituais, os anjos são dotados de
inteligência e vontade: são criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição
todas as criaturas visíveis.” (Id. 330.)
Folheando as páginas dos Evangelhos, vemos a presença dos anjos na
Anunciação a Maria, nos sonhos de José de Nazaré, no nascimento de Jesus em
Belém, na tentação de Cristo no deserto, em sua agonia no Getsêmani e junto ao
túmulo, após a ressurreição. Reaparecem os anjos na hora da Ascensão (At
1,10-11), garantindo aos apóstolos que Cristo voltará. Quando Pedro é aprisionado,
é um anjo que o liberta das cadeias (At 12,6ss).
A Bíblia ainda se refere a uma “queda” sofrida por um grupo de anjos que
rejeitaram em definitivo a Deus e a seu Reino. Estes são os demônios, que
buscam afastar-nos da vida com Deus e de sua amizade. Evidentemente, seu poder
é limitado, pois são criaturas, não estão à altura de Deus. No entanto,
continua sendo um mistério que Deus permita, por enquanto, sua atividade no
mundo criado.
Apenas três anjos são citados nominalmente na Santa Bíblia: Miguel, Gabriel
e Rafael, exatamente os três arcanjos que a Liturgia de hoje celebra.
Orai sem cessar: “Bendizei ao
Senhor, todos os seus anjos!” (Sl 103,20)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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