Este é que é o maior... (Lc 9,46-50)
No Evangelho de hoje, até os
seguidores mais próximos de Jesus surgem comparando sua importância, sem
esconder seus sonhos de grandeza. Coisas da humanidade adâmica, pois não?
Natural que venham a se espantar quando, no Cenáculo, Jesus vestir uma toalha e
lavar os pés dos apóstolos!
Desta vez, Jesus tenta abrir os
olhos de sua troupe para o beco sem saída em que estão entrando. Para
isso, traz uma criança para o centro do grupo e aponta para ela. Naqueles
tempos, a criança era uma espécie de “homúnculo”, um “projeto de homem”, algo
que não se contava nos recenseamentos. Em suma, valia quase nada.
E Jesus causa surpresa ao fazer da
criança a medida de valor: o que vale menos é quem vale mais! Aliás, vivendo
como crianças, nosso fardo se torna mais leve. É notável a reflexão feita por
São Josemaría Escrivá: “Quando um menino tropeça e cai, ninguém estranha, e seu
pai se apressa em levantá-lo. Quando quem tropeça é adulto, nossa primeira
reação é de riso. Às vezes, passado o primeiro momento, o ridículo dá lugar à
piedade. Mas os adultos têm de se levantar sozinhos...” E o santo conclui: “Não
queiras ser grande, mas menino, para que, quando tropeçares, te erga a mão de
teu Pai-Deus”.
Esperta foi a Pequena Teresa: “Sou
apenas uma criança, impotente e fraca, mas é minha própria fraqueza que me dá a
audácia para me oferecer como Vítima ao teu amor, ó Jesus! [...] Não posso,
Jesus, aprofundar o meu pedido, recearia ver-me acabrunhada sob o peso dos meus
desejos audaciosos... Minha desculpa é ser uma criança, e as crianças não medem
o alcance das suas palavras. [...] A criancinha lançará flores, perfumará o
trono real; com sua voz argentina, cantará o cântico do Amor...” (Man. B,
256, 257.)
Deus é simples e discreto. Trabalho
em ponto pequeno. É bom desconfiar de projetos grandiosos em nome de Deus...
Orai sem cessar: “Mantenho em calma e sossego a
minha alma,
tal como uma criança no seio materno...” (Sl 131,2)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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