No dia do juízo... (Lc 11,29-32)
Todo cristão, ao rezar o Símbolo dos
Apóstolos, afirma crer que Jesus há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Mas muita gente parece antecipar o seu próprio julgamento quando recusa a
salvação oferecida pelo Senhor. Infelizmente, nem precisarão esperar pelo Juízo
Final...
Curiosamente, pode ocorrer que “os
de casa” desperdicem as oportunidades de salvação, enquanto “os de fora” acabem
por aproveitá-las. Foi assim no tempo de Jesus.
Era numerosa a multidão que acorria
a Jesus de Nazaré, mas no meio dela se encontravam adversários como os
fariseus, inimigos como os saduceus, oportunistas e aproveitadores de todo
tipo, à espera de algum benefício do Mestre, mas sem a mínima disposição para
mudar de vida e atender ao apelo: “Convertei-vos! O Reino de Deus está
próximo!” (Mt 4,17)
Ao contrário, enquanto “os seus” o
rejeitavam (inclusive familiares!) houve “estrangeiros” que acolheram sua
palavra, como a samaritana do poço de Jacó e o centurião do Calvário. Em várias
passagens do Evangelho, Jesus manifesta nítida surpresa ao ver a fé de
estrangeiros, como a “grega” de Mc 7,26 e o soldado romano de Mt 8,10.
No Evangelho de hoje, para desgosto
de seus compatriotas, Jesus cita de modo explícito dois exemplos de
estrangeiros - gente que não pertencia ao orgulhoso Povo Escolhido da Primeira
Aliança, mas demonstrou abertura às novidades de Deus. Foi o caso dos
habitantes de Nínive, acolhendo a pregação de Jonas (cf. Jn 3,5ss), e o da
Rainha de Sabá (cf. 1Rs 10), que viu pessoalmente a sabedoria de Salomão e
proclamou este louvor: “Bendito seja o Senhor teu Deus, a quem agradaste e que
te colocou no trono de Israel!”
Estas palavras de Jesus se encaixam
no contexto em que seus adversários cobravam dele um “sinal” – isto é, um
milagre ou fenômeno que comprovasse sua origem divina. E ele recusa qualquer
sinal àquela geração que ele definiu como “perversa”.
Qual foi a perversão deles? A recusa
frontal do Salvador que o Pai lhes havia enviado. E assim se cumpriria a
reviravolta registrada pelo apóstolo Paulo: “Os pagãos tiveram acesso à
salvação para excitar os ciúmes de Israel” (Rm 11,11).
E nós? Ainda precisamos de sinais?
Repetiremos a recusa de Israel?
Orai sem
cessar: “Eu anseio
pela tua salvação!” (Sl 119,81)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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