Limpais por fora... (Lc 11,37-41)
O BNDES informa: “O mercado mundial de cosméticos e higiene pessoal faturou
aproximadamente 433 bilhões de dólares em 2012. O mercado brasileiro, com um
faturamento de 41,8 bilhões de dólares em 2012, representa cerca de 10% do
mercado global e é o terceiro maior mercado do mundo, atrás somente dos Estados
Unidos e do Japão”.
Vai longe a Idade Média, quando não
havia lá tanta preocupação com a limpeza... Mais longe ainda, a Palestina dos
tempos de Jesus, onde os conceitos de “pureza” e “impureza” eram de capital
importância para os grupos mais religiosos, como os fariseus. A origem
bastarda, o contato com os gentios, certas profissões (curtidor de peles,
coletor de esterco, publicanos...) eram condições de impureza ritual, afastando
as pessoas do culto divino.
Neste Evangelho, Jesus de Nazaré sentou-se para a refeição
sem as abluções preparatórias, causando escândalo a seu anfitrião. O Mestre
aproveita a ocasião especial para lembrar que a pureza interior era a mais
importante. E que de nada vale muita higiene externa, se o íntimo da pessoa
cheira mal.
A lição para nós é que a pessoa humana tem dois lados:
exterior e interior. Se ambos devem ser cuidados, o interior é mais importante.
Se os pecados tivessem cheiro (houve santos que tinham o dom de “cheirar” os
pecados!), não haveria perfume suficiente em nosso mundo... Tantos gastos com a
limpeza do corpo, e tão pouco tempo dedicado ao exame de consciência...
O Evangelho nos interpela a buscar o
essencial, mesmo envolvidos por uma sociedade pagã que vive de aparências,
valoriza o sucesso, a fama, os bens acumulados, não levando em conta se os
meios para fazer fortuna incluem a exploração do próximo. Nesta sociedade, o
corpo recebe toda a atenção, em uma espécie de culto religioso. Multiplicam-se academias
de ginástica, onde o esforço e o suor aparecem conservar os últimos sinais da
ascese entre nós.
Vale recordar a pergunta de Jesus:
“De que vale ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder a sua alma?” (Mt
16,26.) O próprio tempo se encarrega de manifestar o real valor de tudo. A
beleza, a força e a riqueza não resistem ao tempo. Enquanto isso, os santos
envelhecem em paz, servindo os irmãos até o último suspiro.
Orai sem
cessar: “Senhor,
tu me sondas e me conheces.” (Sl 139,1)
Texto de
Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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