segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


Grite de alegria! (Is 35,1-10)
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         A proximidade do Natal produz efeitos: o recolhimento expectante acaba por extravasar e o roxo dos paramentos será trocado pelo róseo no próximo domingo. Algo assim como a fímbria das montanhas que se vai tornando rosada pela aurora que se avizinha. Por isso chamamos o 3º domingo do Advento de “Gaudete”: um imperativo latino que se traduz por alegrai-vos! Rejubilai-vos!

               Não se trata em absoluta da proverbial alegria mundana, barulhenta, semelhante à alacridade das maritacas no coqueiro. Nem a algazarra artificial produzida à custa de álcool e de drogas. Mas o “gáudio”, o “gozo”, a “letícia” íntima e profunda que só o Deus da vida pode dar. Ainda que, invadidos pela alegria, nós nos descontrolemos a ponto de “saltar, gritar e dançar” (Is 35,2)...
               O comentário de Urs von Balthasar deixa bem visível esta diferença: “Isaías descreve a transformação do deserto em região fértil com a vinda de Deus. “Vede! Eis o vosso Deus!” O deserto é o mundo que Deus ainda não visitou, mas agora Deus está vindo. O homem é cego, surdo, coxo, mudo, quando Deus ainda não o visitou, mas agora os sentidos se abrem e os membros se soltam”.
               E a visita de Deus realiza uma libertação sem limites: “Os ídolos que eram adorados em lugar do Deus vivo, também eles eram como o descrevem os Salmos e os livros sapienciais: cegos, surdos, coxos e mudos, e seus adoradores a eles se assemelhavam. Estes se haviam desviado do Deus vivo, mas agora “regressam os redimidos de Yahweh” (v. 9): eles estão libertados da morte espiritual e renascem para a verdadeira vida”.
               Por que será que a cidade dos homens permanece tão triste? Por que o planeta dos homens ainda “geme como em dores do parto”? (Cf. Rm 8,22) Por que ainda cavam cisternas que não podem reter a água, enquanto a fonte das águas vivas permanece todo tempo à sua disposição?
               Com o Natal tão próximo, voltemo-nos para a fonte da alegria. O pequeno presépio – o boi e o burro são testemunhas! – nos ensina que a alegria é simples. Tão simples como um recém-nascido nos braços de sua mãe. Mas a luz que dele se irradia afasta toda treva e anuncia que Deus se compadeceu de seu povo e vem inaugurar uma era nova de paz para todos os homens.
               É esta a nossa alegria?

Orai sem cessar: “Em vós, Senhor, eu estremeço de alegria!” (Sl 9,3)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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