Consolai meu povo! (Is 40,1-11)
Deus
é bom! Que terríveis desvios terão levado civilizações inteiras a ver em seus
“deuses” seres ameaçadores aos quais precisavam “amansar” por meio de
sacrifícios humanos? As pirâmides escalonadas da América Central, que os
espanhóis encontraram cobertas de crânios de jovens, denunciam essa perversão
do divino, quando o sangue humano corria para aplacar as divindades
terríveis...
É
aos profetas da Primeira Aliança que o Senhor se dirige com uma mensagem de
paz: “Consolai meu povo!” O mesmo Deus que já dissera a Moisés, do meio da
sarça ardente: “Eu vi a aflição de meu povo. Ouvi seus clamores. Conheço seus
sofrimentos. Desci para o libertar!” (Cf. Ex 3,7-8)
Um
Deus que ama é um Deus que consola. Por isso mesmo, um dos nomes do Espírito de
Deus é “Consolador”. Ninguém se admire, pois, de que Deus envie seus pastores
com a missão de consolar. Seu próprio Filho, que “passou a vida fazendo o bem”
(cf. At 10,38), encarnou de modo extremo essa missão consoladora.
Agora,
para meu espanto, ouço vozes bem próximas afirmando que a missão da Igreja é de
outra natureza. Que o lugar de consolo não é o confessionário, mas o divã do
analista. Que o lugar da cura não é a Igreja, mas o posto de saúde. Que a
missão do pastor não é consolar, mas instigar os pobres a tomarem a terra dos ricos.
Teria Jesus Cristo andado tão errado?
Ainda
bem que o Papa não pensava assim. Em sua Encíclica “Deus é Amor”, Bento XVI
escreveu: “Segundo o modelo oferecido pela parábola do Bom Samaritano, a
caridade cristã é, em primeiro lugar, simplesmente a resposta àquilo que, em
determinada situação, constitui a necessidade imediata: os famintos devem ser
saciados; os nus, vestidos; os doentes, tratados para se curarem; os presos,
visitados, etc. As organizações caritativas da Igreja [...] devem fazer o possível
pra colocar à disposição os correlativos meios e sobretudo os homens e mulheres
que assumam tais tarefas”. (DCE, 31)
Um
Deus pastor pede com urgência inadiável uma Igreja de pastores. E, imitando o
seu Deus, ela “carrega ao colo os cordeirinhos, e conduz a lugar fresco as
ovelhas que amamentam” (Is 40,11). Qualquer fuga dessa missão revela-se traição
aos sentimentos do Senhor...
Neste
Natal, como posso consolar alguém?
Orai sem cessar: “Deus
leva nossos fardos!” (Sl 68,20)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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