O fruto
de teu ventre... (Lc 1,39-47)
Este é o Evangelho
da Visitação de Maria a sua parenta Isabel, aquela idosa estéril que Deus fez
mãe de João Batista. Esta gravidez humanamente impossível fora exatamente o
“sinal” dado pelo anjo Gabriel a Maria de Nazaré no momento da Anunciação, como
uma espécie de apoio para o ato de fé da jovem hebreia.
E é dos lábios de
Isabel, intimamente instruída pelo Espírito Santo (cf. Lc 1,41-42), que Maria
ouve a saudação – os gregos a chamam de “aspasmós” – que repetimos cada vez que
rezamos uma Ave-Maria: “Bendito é o fruto de teu ventre!” A chegada de Maria
não só traz o Espírito para Isabel e João Batista, como dá ocasião ao louvor
dirigido a Jesus, que ela transporta: ele é bendito.
Como observa Urs
von Balthasar, não é Maria que dá a conhecer sua gravidez a Isabel, pois a
jovem noiva se manterá em silêncio até mesmo para seu noivo José, ciosa do
segredo divino. É o Espírito Santo que faz “pular de alegria” no seio de Isabel
o pequeno João Batista. Maravilhosa encruzilhada da Primeira Aliança (Isabel,
mãe do Precursor) com a Nova Aliança (Maria, mãe do Messias prometido)!
Comenta von
Balthasar: “Se o Batista não saberia, de início, quem é o maior que vem depois
dele (“eu não o conhecia” – Jo 1,33), entretanto ele já foi santificado por
esse maior nas entranhas maternas e escolhido como Precursor. Por extensão,
podemos dizer: em vista do cumprimento da promessa, em vista do Cristo, todo o
Antigo Testamento está destinado a ser o precursor, de tal modo que ele só
adquire sua plenitude ao ser desdobrado a partir de Cristo”.
De fato, os homens
da Primeira Aliança tinham apenas uma pálida imagem daquilo que esperavam como
salvação nas sombras do futuro. Isabel, ao contrário – comenta o mesmo teólogo
-, cheia do Espírito Santo, tal como seu filho, sabe-o com exatidão. E desde
então ela pode saudar a mulher que se apresenta diante dela como aquela que
possuiu a fé perfeita, a ponto de Deus poder levar sua longa promessa até seu
cumprimento.
A primeira eleição
de Deus em relação a Maria – sua escolha como cooperadora da Encarnação –
manifesta-se continuamente ao longo da história humana. Depois de ter sido o
primeiro “canal” para a vinda do Salvador, Maria continua a serviço do Senhor
para fazer contatos com todos os povos, seja no México, na França ou em
Portugal. Maria nos põe em contato com Deus...
Orai sem cessar: “Meu fruto é melhor do que o ouro fino!” (Pr 8,19)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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