Eu te pego pela mão... (Is 41,13-20)
Não
deixa de ser admirável que, nas penumbras do Velho Testamento, Deus fale pelo
profeta em uma tonalidade tão íntima! Nada que lembre o Senhor dos Exércitos, o
Altíssimo fora do humano alcance, o Vingador de Israel... Mesmo na Primeira
Aliança, Deus já deixa perceber sua vontade de aproximar-se de nós.
“Pegar
pela mão” é um gesto de grande intimidade. Não o fazemos com o inimigo, com o
assaltante, com o invasor. Nem mesmo com o mendigo, creio eu... Ao contrário, aquela
mão que se estende torna-se uma verdadeira ponte, canal de contato, uma entrega
de si mesmo.
É
assim que Deus faz: ele se entrega, se dá, se comunica. Deus se deixa
encontrar, como afirma Isaías: “Buscai o Senhor enquanto ele se deixa
encontrar!” (Is 55,6) Não se exige nenhum conhecimento esotérico para ter
acesso ao Senhor; é dele mesmo a iniciativa de se fazer acessível, tomando-nos
pela mão.
Claro,
depois do Natal, após a Encarnação, o Filho de Deus estará entre nós de modo
sensível, palpável, tangível. Sua mão acariciará as crianças. Sua mão há curar
os enfermos. Sua mão tocará o intocável leproso. Ao longo de sua vida, suas
mãos farão o bem, mostrando que Deus se fez Emanuel, um Deus-conosco.
Naturalmente,
pegar pela mão também é um gesto de proteção. É a atitude tipicamente maternal
em relação a uma criança que mal começa a andar e não se sustém nos próprios
pés. As mãos de Deus são mãos de Mãe... Por isso mesmo, ele quer ensinar-nos a
caminhar.
Enfim,
na montanha do Calvário, as mãos de Jesus se deixarão transpassar, cravadas no
madeiro. E ali, fixas e presas, não poderão fugir de nossas mãos desejosas de
um encontro definitivo. Alguém ainda se admira de que as mesmas feridas se
projetem às mãos de Francisco, às mãos de Padre Pio de Pietrelcina, às mãos de
Gemma Galgani, à fronte de Marthe Robin?
Não
devemos desperdiçar o Natal, travestindo-o em mero folclore com presépios
infantis. O Natal é a festa da Encarnação, quando o Filho de Deus assume mãos
humanas para se fazer ainda mais próximo de nós. Aposto que o Menino de Belém
ficaria muito feliz se, a partir deste Natal, pudesse contar com nossas mãos
para fazer contato com a multidão que o desconhece.
Orai sem cessar: “Na
tua mão, Senhor, está o meu destino!” (Sl 31,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.
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