quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


Eu te pego pela mão... (Is 41,13-20)
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          Não deixa de ser admirável que, nas penumbras do Velho Testamento, Deus fale pelo profeta em uma tonalidade tão íntima! Nada que lembre o Senhor dos Exércitos, o Altíssimo fora do humano alcance, o Vingador de Israel... Mesmo na Primeira Aliança, Deus já deixa perceber sua vontade de aproximar-se de nós.

               “Pegar pela mão” é um gesto de grande intimidade. Não o fazemos com o inimigo, com o assaltante, com o invasor. Nem mesmo com o mendigo, creio eu... Ao contrário, aquela mão que se estende torna-se uma verdadeira ponte, canal de contato, uma entrega de si mesmo.
               É assim que Deus faz: ele se entrega, se dá, se comunica. Deus se deixa encontrar, como afirma Isaías: “Buscai o Senhor enquanto ele se deixa encontrar!” (Is 55,6) Não se exige nenhum conhecimento esotérico para ter acesso ao Senhor; é dele mesmo a iniciativa de se fazer acessível, tomando-nos pela mão.
               Claro, depois do Natal, após a Encarnação, o Filho de Deus estará entre nós de modo sensível, palpável, tangível. Sua mão acariciará as crianças. Sua mão há curar os enfermos. Sua mão tocará o intocável leproso. Ao longo de sua vida, suas mãos farão o bem, mostrando que Deus se fez Emanuel, um Deus-conosco.
               Naturalmente, pegar pela mão também é um gesto de proteção. É a atitude tipicamente maternal em relação a uma criança que mal começa a andar e não se sustém nos próprios pés. As mãos de Deus são mãos de Mãe... Por isso mesmo, ele quer ensinar-nos a caminhar.
               Enfim, na montanha do Calvário, as mãos de Jesus se deixarão transpassar, cravadas no madeiro. E ali, fixas e presas, não poderão fugir de nossas mãos desejosas de um encontro definitivo. Alguém ainda se admira de que as mesmas feridas se projetem às mãos de Francisco, às mãos de Padre Pio de Pietrelcina, às mãos de Gemma Galgani, à fronte de Marthe Robin?
               Não devemos desperdiçar o Natal, travestindo-o em mero folclore com presépios infantis. O Natal é a festa da Encarnação, quando o Filho de Deus assume mãos humanas para se fazer ainda mais próximo de nós. Aposto que o Menino de Belém ficaria muito feliz se, a partir deste Natal, pudesse contar com nossas mãos para fazer contato com a multidão que o desconhece.

Orai sem cessar: “Na tua mão, Senhor, está o meu destino!” (Sl 31,16)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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