domingo, 16 de dezembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


 Que devemos fazer? (Lc 3,10-18)
Imagem relacionada          Todo aquele que deseja sinceramente começar uma vida nova deve assumir “deveres” diante de Deus e diante do próximo. É grande a ilusão daqueles que veem a religião como um conjunto de técnicas para pôr a divindade a seu serviço e dela arrancar proteção, favores e privilégios.

Um coração sincero, sem gorduras (cf. Sl 16,10 – BJ), que não está entupido de sebo (cf. Sl 119,70), abre-se prontamente à pregação da Boa Nova, com a consciência de que existe algo a fazer. Daí a pergunta que os ouvintes fazem a João Batista: “Que devemos fazer?” Não é mera coincidência que se trate exatamente da pergunta feita por aqueles que ouviram de Pedro (cf. At 2,37) o primeiro sermão da história da Igreja.
               “Nas respostas que João dá àqueles que estão dispostos à penitência – comenta Hans Urs von Balthasar – manifesta-se que o mandamento radical do amor de Jesus já estava perfeitamente preparado na Antiga Aliança, e até podia aparecer com clareza a toda consciência não pervertida.
               Este mandamento impõe uma partilha fraternal quando meu próximo não tem os meios necessários para se vestir e se alimentar suficientemente. Ele impõe a justiça na cobrança dos impostos e de outras taxas. E obriga – o que pode ser difícil para os soldados – a respeitar os limites no uso da força: nem roubo, nem exações, nem exigência de um soldo mais elevado.
               Aquilo que João nos pede pode ser justificado a partir dos profetas, e por isso João não deve ser confundido com o Messias que virá. Este, diante de quem o Batista se humilha, traz um meio de purificação completamente diferente: o Espírito Santo, que nos mostrará os pecados a partir de Deus, e que pode consumi-los com seu fogo.
               O Espírito também nos colocará diante da decisão definitiva entre o ‘sim’ e o ‘não’, entre o grão e a palha. Com tais advertências, prendendo-se ao fim último da preparação, o Batista é ‘o maior entre os nascidos de mulher’ (cf. Lc 7,28), e já percebendo o começo do novo. E talvez seja exatamente sua profunda humildade que o faz ultrapassar a fronteira: ele é o ‘amigo do esposo’ (cf. Jo 3,29), cujo batismo é retomado por Jesus e preenchido de um novo conteúdo.”
               A exigência de transformação inerente à aproximação do Senhor levou os apóstolos a insistirem no convite à alegria que gera em nós a ação transformadora do Espírito: “Alegrai-vos! O Senhor está próximo!” (Fl 4,7)
Orai sem cessar: “Ide a ele cantando de alegria!” (Sl 100,2)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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