segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


Origem de Jesus Cristo... (Mt 1,1-17)
Imagem relacionada         Este Evangelho nos apresenta uma daquelas passagens que costumamos saltar ao ler a Escritura: um elenco de nomes estranhos, geração após geração, listando de Abraão a Maria, “da qual nasceu Jesus”.

               Que teria levado o evangelista Mateus a optar por esta lista, em vez de prender logo a atenção do leitor com algum milagre ou alguma aparição angélica? Vejamos o comentário de São João Crisóstomo [347-407 d.C].
               “É uma coisa espantosa ouvir dizer que um Deus, natureza inefável e que ultrapassa infinitamente nossos pensamentos, igual ao Pai, tenha descido ao seio de uma virgem, tenha-se dignado nascer de uma mulher e ter por antepassados Davi e Abraão. E que digo eu: Davi e Abraão? É preciso incluir – o que é mais terrível – essas mulheres perdidas [Betsabé, Tamar e Ruth] de que acabamos de falar.
               Que vossos pensamentos se elevem ao ouvir isto, e não admitam nada de vil em vosso espírito: é um motivo a mais para admirar que o Filho do Eterno, o Filho consubstancial de Deus, tenha sofrido ser chamado o filho de Davi para nos comunicar o título de filho de Deus; que ele tenha querido ter um pai escravo a fim de dar o Senhor como pai para o escravo. Quando ouves, pois, que o Filho de Deus é também o filho de Davi, o filho de Abraão, não duvides que tu mesmo, filho de Adão, possas tornar-te filho de Deus. Não, ele não se teria humilhado desse modo sem ter um objetivo: o de nos elevar. Ele nasceu segundo a carne para fazer-te nascer segundo o Espírito.”
               Crisóstomo vai encerrar sua reflexão conjurando-nos a meditar sobre estas coisas, capazes de produzir em nós os efeitos mais salutares. De fato, Cristo não veio para evitar nossas humilhações, mas para livrar-nos delas. Veio como médico, não como juiz. Por isso Ele assume integralmente a carne dos mortais, sem pejo e sem nojo. “Tal como esses homens desposaram mulheres perdidas, assim mesmo Deus se uniu a uma natureza que caíra na fornicação”, diz o Padre da Igreja.
               Se o Salvador tivesse descido do Olimpo, aéreo e espiritual, isento das mazelas humanas, ele poderia permanecer alheio às sombras de nossa condição. Tendo, porém, nascido de nossa carne e de nosso sangue, ele conhece “de dentro” as nossas fraquezas e delas se compadece. Carne de nossa carne, e por ele que nos tornamos família de Deus. Este é o nosso Cristo...

Orai sem cessar: “E o Verbo se fez carne...” (Jo 1,14)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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