Ele mostrará seus caminhos... (Is 2,1-5)
Neste tempo
litúrgico do Advento, a Igreja caminha para o Natal. E o verbo “caminhar” tem
um significado central na História da Salvação.
Já na Primeira
Aliança, o povo escolhido é um povo que caminha. Desde Abraão, convidado por
Deus a sair de sua terra e caminhar para uma terra... que ele nem sabia onde
ficava. Mais tarde, no êxodo, sob o comando de Moisés, Israel caminha pelo
deserto durante 40 anos. E aquilo que parecia uma errância sem sentido acabará
com a conquista da Terra Prometida.
Na plenitude da
Nova Aliança, é o próprio Jesus Cristo quem se apresenta como “o Caminho” para
o Pai (Jo 14,6). Em sua Carta apostólica “Porta
Fidei”, que anunciava o Ano da Fé, o Papa Bento XVI reafirmava: “Crer em
Jesus Cristo é o caminho para poder chegar definitivamente à salvação”. (PF,
3.) As primeiras comunidades cristãs após Pentecostes também se reconheciam
como “o caminho” (cf. At 9,2b; 22,4; 24,14.22) do Senhor ou a “via” para a
salvação.
Mas quem caminha no escuro se desvia e
cai. Para caminhar, precisamos de luz. As tentativas de marcha dos pagãos
culminaram nos piores desvios e degradações (cf. Rm 1,18ss). Por isso mesmo, a
visão de Isaías concentra-se nesta “luz do alto” – uma luz que é dom gratuito
de Deus aos homens.
Hans Urs von Balthasar comenta: “A grande
visão inaugural na 1ª leitura mostra que aqueles que esperam por Deus são uma
montanha espiritual, à luz da qual todos os povos podem orientar-se. Pois
somente daqui aparece “o juiz das nações, o árbitro da multidão dos povos”;
somente aqui a guerra incessante, interior ao mundo, é pacificada em uma paz de
Deus; somente aqui o mundo, obscuro em si mesmo, pode “caminhar na luz do
Senhor”.
Todas as religiões
pretendem ser um “caminho” para Deus. Só o cristão, porém, sabe que, na
plenitude dos tempos, o próprio Deus se encarnou, nascendo de Mulher, e se
revelou como a única Verdade, a única Vida, o único Caminho. Não por caso, o
Filho de Deus afirmou a seus discípulos: “Ninguém vem ao Pai a não ser por
mim”. (Jo 14,6b.) Nossa adesão a Cristo significa uma opção pelo Caminho que o
Pai nos revelou na pessoa de seu Filho.
Com os olhos
voltados para a humilde gruta de Belém, iniciamos novo Advento como peregrinos
a caminho da Luz que nascerá como aurora de um dia eterno. Dia a dia, deixemos
que nosso interior seja invadido pela Luz de Cristo.
Orai sem cessar: “O
Senhor é minha luz e minha salvação.” (Sl 27,1)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
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