terça-feira, 4 de dezembro de 2018

PALAVRA DE VIDA


O lobo habitará com o cordeiro... (Is 11,1-10)
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              Desde a antiguidade, os fabulistas clássicos puseram lado a lado o lobo e o cordeiro como ícones do predador e da presa. Na conhecida fábula de Fedro, o poeta latino, um cordeirinho inocente acaba devorado, mesmo sem culpa. Prevalece a “lei do mais forte”. Mais tarde, um filósofo criaria o amargo refrão: homo homini lupus – o homem é um lobo para o homem.

               Será mesmo impossível a convivência fraterna? Existirá no fundo um determinismo genético que nos impele à agressão e à exploração do próximo? Estaremos condenados ao medo fóbico que nos leva a erguer muros com cacos de vidro, cercas elétricas e portões eletrônicos? Nosso próximo é nosso lobo? Somos o predador de nosso irmão? Seremos eternamente Abel e Caim?
               Por meio da profecia de Isaías, o Senhor nos garante que não... O profeta anuncia com alegria a presença de um descendente de Davi que será o portador do Espírito de Deus no meio de nós. Ele será reconhecido pelos atributos que o Espírito Santo manifesta em sua Pessoa: sabedoria e discernimento, conselho e fortaleza, conhecimento e temor de Deus. Em seu breve sermão na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4), anunciará que o Espírito do Senhor repousa sobre seus ombros. E é esse mesmo Espírito de paz e unidade que ele promete a seus seguidores.
               Sua presença será a garantia de que os inimigos entrarão em acordo, mesmo que, aparentemente, devam violentar sua natureza agressiva, como na imagem da ursa que pasta junto à vaca e seus bezerros, em pacífica convivência.
               Claro que os céticos estão rindo... Os desesperados zombam da esperança. Os fabricantes de armas bradam maldições, pois a paz gera prejuízos para eles. A simples visão de uma sociedade sem competição e disputas, fundamentada na partilha dos bens e no serviço solidário – uma sociedade onde o dinheiro não seja a mediação, e a espada o fiel da balança – causa pesadelos no sono desses mercadores da morte.
               Logo virá o santo Natal. O Príncipe da Paz chegará como criança indefesa. Neste Natal, teríamos a coragem de nos identificar com o Menino? Logo a Criança que Herodes tentará assassinar? Estaríamos dispostos a abrir mão do regime de competição e disputa, onde retesamos os músculos e arreganhamos os dentes para manter à distância a ameaça do próximo?

Orai sem cessar: “O Senhor livrará o pobre que clama!” (Sl 72,12)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

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