Enxugará as lágrimas... (Is 25,6-10a)
Esta passagem do
profeta Isaías, selecionada pela Igreja para a liturgia do tempo do Advento,
quando nos preparamos para vinda de Jesus Cristo no Natal, está marcada por
vários símbolos dos tempos messiânicos. Entre eles, a figura do banquete, a
fartura de um festim, imagem que o próprio Cristo iria retomar nos Evangelhos
para falar do Reino de Deus entre os homens. Outras imagens falam de um véu a
ser tirado de nossos olhos, da mortalha que desaparecerá.
No entanto, mais
que a fome saciada ou a cegueira iluminada, fala ao nosso coração a promessa da
consolação que o Messias traz para a humanidade que chora: “O Senhor Deus
enxugará as lágrimas em todos os rostos”. É o tipo de promessa que nos reconduz
à infância, quando chegávamos em casa com um joelho ralado ou a unha do dedão
levantada por uma pedra, e mamãe logo vinha cuidar do machucado e secar nossas
lágrimas com um colo gostoso...
Sim, Deus Pai é
Deus Mãe. O Salvador que nos envia é acima de tudo um Consolador. Sim, Deus é
sensível às lágrimas humanas. No versículo mais curto dos Evangelhos, o Filho
de Deus também chora (cf. Jo 11,35). Com certeza, na gruta de Belém, o Menino
chorava. Por isso mesmo, não temos junto ao Pai um mediador que ignore as dores
e as angústias de nossa humana condição (cf. Hb 4,15-16; 5,2). Podemos esperar
pelas manifestações palpáveis de seu amor que vem consolar e reanimar. Por isso
mesmo, uma das nove bem-aventuranças do Evangelho é dirigida às lágrimas que derramamos:
“Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!” (Mt 5,5)
Nosso povo anda
sem esperança. Depois de apostar nas promessas de governantes que se
apresentavam como salvadores da pátria, a multidão se recolheu ao desânimo e ao
ceticismo. Quanto maior o sonho, tanto mais funda a decepção. Neste Advento,
Deus nos convida a redirecionar os anseios profundos de nosso coração para o
Menino que se avizinha. Ele não decepcionará...
Os últimos
versículos da profecia de Isaías garantem que não são infundadas as nossas
esperanças, mas serão recompensadas com a libertação final, fonte de júbilo e
alegria. Como escreveu Bento XVI, “Com esta confiança segura, confiamo-nos a
Ele: Ele, presente no meio de nós, vence o poder do maligno (cf. Lc 11,20); e a
Igreja, comunidade visível da sua misericórdia, permanece n’Ele como sinal da
reconciliação definitiva com o Pai”. (PF,15.)
Orai sem cessar: “É
no Senhor que depositamos nossa esperança!” (Is 25,9)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário