E habitou entre nós... (Jo 1,1-18)

Diferente
daquela “presença” do Antigo Testamento, quando Deus se “mostrava” na sarça
ardente, na nuvem luminosa, nos trovões do Sinai, agora vê-se a presença corporal,
pois o Filho de Deus se encarnou e nasceu de Mulher.
Não
podemos imaginar o cenário de Belém, quando dormia sobre a palha da manjedoura
um Menino que era Deus, mas tinha um corpo de homem. Não sabemos recuperar
aquele olhar de Maria sobre o recém-nascido, pura contemplação do Deus
encarnado. No máximo, nos aproximamos disso, quando fitamos Jesus eucarístico
presente na Hóstia consagrada. De qualquer modo, o verbo grego que traduzimos
por “habitou entre nós” – eskénosen – esconde em
seu interior a palavra “tenda” – skéne. E eu gosto de pensar que Deus se agradou
de nós a tal ponto, que veio acampar conosco, fincando definitivamente em nosso
solo humano a sua barraca, a sua tenda.
Podemos
encerrar o ano com o hino natalino composto por Santo Afonso de Ligório – “Tu
scendi dalle stelle” -e traduzido por Dom Marcos Barbosa, OSB:
Desceste das estrelas, Rei celeste,
e à gruta escura e fria tu vieste:
ó divino Pequenino, eu te vejo aqui tremer,
Deus encarnado...
O quanto te custou me haver amado!
Tu, que plasmaste a terra e
o céu fizeste,
faltam-te, agora, ó Deus,
coberta e veste.
Ó querido estremecido, a que
extremos queres vir:
esta pobreza mostra, do teu
amor, toda a riqueza.
Orai sem cessar: “Nasceu
para nós um menino!” (Is
9,5)
Texto de Antônio Carlos Santini, da
Comunidade Católica Nova Aliança.