quinta-feira, 30 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Levanta-te e anda! (Mt 9, 1-8)
        Na narrativa da Criação (Gn 2, 7), o primeiro homem já fora modelado pelo Criador, mas permanecia inerte, simples boneco de barro. Só após receber em seu interior - as “narinas” – o Hálito de vida, ergueu-se de pé e caminhou.
       No Evangelho de hoje, temos também um homem “reduzido”, diminuído em sua humanidade: trata-se de um paralítico, um homem i-móvel, que depende de ser transportado por outras pessoas. O mesmo “Sopro vital” está presente em Jesus, que lhe diz: “Levanta-te e anda!” Aquele que criou o homem é o mesmo que vem curá-lo. Recriá-lo.
        Sim, curar é re-criar! Devolver ao homem a imagem e semelhança perdidos pelo caminho da vida. Arrancá-lo de seu imobilismo, de sua inação. Devolvê-lo à sua missão.
         Para espanto daquela assembleia judaica reunida na Sinagoga, em dia de sábado, o Rabi da Galileia começa por dizer: “Tem confiança, filho, os teus pecados estão perdoados”. E assim ficamos conhecendo a origem da paralisia: o pecado. Qualquer que tenha sido esse pecado, travou a caminhada daquele israelita (um estrangeiro não entraria na sinagoga!).
         Ora, o povo de Deus ficou conhecido exatamente por sua fama de caminheiro, circulando pelo deserto por 40 anos, em busca da Terra Prometida. Nada mais humilhante para um filho de Israel do que não poder andar! Não estou convencido de que Jesus fazia tais curas apenas para dar “sinais”... Acredito que Jesus tinha (e tem!) entranhas de misericórdia. Cura porque sofre com o sofrido, chora com as carpideiras, morre com os moribundos. Por isso mesmo, porá o paralítico de pé.
         E nós? Qual o pecado que nos paralisa? A preguiça pode nos afastar da estrada. A avareza põe cadeados em nossa bolsa. A gula não deixa pão para repartir. O medo nos impede de mergulhar nas mãos de Deus. O orgulho proíbe que nos arrisquemos a passar vergonha por causa do Evangelho...
        É bem verdade que muita gente não quer andar de novo. Podemos nos acostumar à paralisia espiritual. Pode ser mais cômodo, além de nos permitir o papel de vítimas... Pode ser mais seguro do que enfrentar a estrada. Pode ser...
        Mas não foi assim que o Criador pensou em nós! Não é assim que trabalharemos para construir um Reino para Deus!
        Você quer andar de novo?

Orai sem cessar: “O Senhor deu segurança a meus passos!” (Sl 40 [39], 3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

NOSSA PARÓQUIA SE PREPARA PARA CASAMENTO COMUNITÁRIO

No último dia 25 de junho, aconteceu no Salão Paroquial Nossa Senhora das Graças o curso de noivos, onde 16 casais vão oficializar de forma legal sua união estável no próximo dia 09 de julho no Casamento Comunitário. Mas você sabe o que vem a ser o curso de noivos e o que acontece durante o curso de noivos?
O casamento não se resume apenas a preparação da cerimônia, dos convites, lembrancinhas ou do vestido da noiva. Antes de se casar os noivos precisam fazer o curso de noivos. Só após terminarem esse curso e terem o certificado em mãos é que eles podem definitivamente casar. Geralmente o curso de noivos é obrigatório para todos aqueles que irão se casar na igreja católica. Tanto é que o curso é oferecido e ministrado pela própria igreja que os noivos escolheram para se casar.
Como muitos podem pensar o curso de noivos não ensina as regras de etiqueta da igreja, muito menos como entrar ou sair do local ou até mesmo como se colocar e portar diante do altar. E também não se trata do ensaio geral para o dia do casamento. Portanto ao contrário do que se pensa,  o curso de noivos tem como objetivo falar de família, união, casamento, respeito, família, e filhos.
É muito normal os noivos irem com cara de obrigação ao curso, mas logo que ele começa a ser ministrado, essa sensação de obrigação dá lugar ao interesse pelo aprendizado que está sendo passado. O curso de noivos ensina e explica como a futura família deve ser administrada e como superar todas as situações com a ajuda de Deus.
No curso de noivos o casal vai ouvir falar muito sobre amor, respeito e tolerância; tudo o que é necessário para poder se começar bem a vida em família. Aprendem também a diferença entre casar apenas no civil e casar no religioso.
E por último, os noivos vão entender o significado de se casar na igreja e o que isso representa na vida do casal. No curso os noivos também aprendem a importância da escolha dos padrinhos e como a escolha deve ser feita. Também é dito alguma coisa sobre o comportamento dos noivos e padrinhos no dia da cerimônia e tudo o que os noivos não podem fazer no dia do casamento.


Solenidade de São Pedro e São Paulo

Pedro e Paulo representam duas dimensões da vocação “Eis os santos que, vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”.

Celebramos hoje, 29/06, a festa das duas colunas da Igreja: São Pedro e São Paulo. Pedro: Simão responde pela fé dos seus irmãos (cf. Evangelho de Mateus 16,13-19). Por isso, Jesus lhe dá o nome de Pedro, que significa sua vocação de ser “pedra”, rocha, para que o Senhor edifique sobre ele a comunidade daqueles que aderem a ele na fé. Pedro deverá dar firmeza aos seus irmãos (cf. Lc 22,32). Esta “nomeação” vai acompanhada de uma promessa infalível: as “portas” (que correspondem à cidade, reino) do inferno (o poder do mal, da morte) não poderão nada contra a Santa Igreja de Cristo, que é uma realização do “Reino do Céu” (de Deus).
 
Paulo aparece mais na qualidade de fundador carismático da Igreja. Sua vocação se dá na visão de Nosso Senhor Jesus Cristo no caminho de Damasco: de perseguidor, transforma-se em mensageiro de Cristo, “apóstolo”, grande pedagogo da missão e da vida do Senhor. É Paulo que realiza, por excelência, a missão dos apóstolos de serem testemunhas do Ressuscitado até os confins da terra. As cartas a Timóteo, escritas da prisão de Roma, são a prova disso, pois Roma é a capital do mundo, o trampolim para o Evangelho se espalhar por todo o mundo civilizado daquele tempo. São Paulo é o apóstolo das nações. No fim da sua vida, pode oferecer uma vida como oferenda adequada a Deus, assim como ele ensinou. Como Pedro, Paulo experimentou Deus como Aquele que nos liberta da tribulação.
 
Pedro foi crucificado de cabeça para baixo. Os artistas da iconografia católica colocaram as chaves da Igreja em sua mão, para distinguir o seu encargo de possuidor das chaves da salvação. Paulo foi morto decapitado por ser cidadão romano, o que o impedia de ser crucificado. Os artistas da iconografia católica lhe põem sempre na mão uma espada, além de um livro, para simbolizar as várias epístolas teológicas que legou para a Igreja de Cristo.
 
Pedro e Paulo representam duas dimensões da vocação apostólica, diferentes, mas complementares. As duas foram necessárias, para que pudéssemos comemorar hoje os fundadores da Igreja Universal. Esta complementaridade dos carismas de Pedro e Paulo continua atual na Igreja de Cristo hoje: a responsabilidade institucional e criatividade missionária, responsabilidade de todos nós!
 
Fonte: Canção Nova
PALAVRA DE VIDA
Pediram que fosse embora... (Mt 8, 28-34)

        Os exegetas racionalistas afirmam que os demônios não existem. São figuras nascidas da superstição. Segundo esses doutores, os antigos chamavam de possessão aos casos de epilepsia, alucinações, demência.
        Ora, para desespero dos sábios, o Evangelho de hoje registra uma anomalia médica: a epilepsia suína. Os demônios expulsos dos dois possessos invadem a grande manada (2000 porcos, anota S. Marcos! Cf. Mc 5, 13) e, subitamente infectados pela moléstia, os porcos têm um acesso de epilepsia (sic) e se lançam ao mar, em lamentável episódio de suicídio coletivo!
        Ironia à parte, o fato é que os moradores da cidade próxima (Gadara? Gerasa?) não se alegraram com a libertação dos dois infelizes. Ao contrário, ficaram chocados com o grande prejuízo e pediram a Jesus – aquele desmancha-prazeres – que se retirasse da região. Com mais alguns milagres da mesma natureza, iriam todos à falência...
        Até poderíamos achar graça se o mesmo não acontecesse conosco... Quanta gente mantém distância do Senhor, temendo que ele peça algum sacrifício, proponha alguma privação, algum gesto de heroísmo espiritual? Quanta gente vive em busca de um Deus lucrativo, que faça da religião um investimento? Quanta gente seguindo a “teologia da retribuição”, segundo a qual Deus fica obrigado a multiplicar os dons e ofertas que damos à Igreja! E quanto mais somos fiéis, mais ricos ficamos!
        Ora, nosso Deus é pobre. Jesus Cristo não tinha onde reclinar a cabeça. Andava a pé. Não foi aclamado sobre um cavalo puro-sangue, com arreios de prata, mas sobre um ridículo jumentinho! E os ricos que se aproximavam do Mestre não demoravam a empobrecer, como Zaqueu a distribuir os bens acumulados de modo fraudulento.
        E que tal o elogio feito por Jesus àquela viúva pobre, que jogou no cofre das esmolas seus dois últimos tostões? (Cf. Mc 12, 42-44.) E a condição imposta ao jovem rico que ansiava por segui-lo: vender todos os seus bens e doar aos pobres? (Cf. Lc 18, 22-23.)
        Não temos escolha: ou Deus ou as riquezas. Se tentamos conciliar as duas coisas, acabamos por chegar à situação dos Gadarenos: lamentar os prejuízos causados por Jesus. E pediremos que ele vá para bem longe de nós...
        A quem escolher? Jesus? Ou os porcos?

Orai sem cessar: “Não tenho senão a Vós, Senhor!” (Est 14, 14b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

terça-feira, 28 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Salva-nos, Senhor, que perecemos! (Mt 8, 23-27)
        Era uma barca pequena. No latim de S. Jerônimo, “naviculam” – um diminutivo. O “mar” era pequeno: na verdade, o Lago de Genesaré, mas em região de poucas águas, é chamado de mar. Mar da Galileia ou de Tiberíades. A fé era pequena. Basta um vento atrevido para que o desastre pareça iminente.
        No fundo da barca, dormia o Mestre em plena tempestade (dormia mesmo?... ou fingia, para testar aqueles marmanjos?). E eles acordam Jesus com gritos desesperados: “Salva-nos, Senhor, que estamos perdidos!” Mas Jesus é grande. Maior que o vento. Maior que o mar. Maior que o medo. O narrador registra que Jesus “se ergueu”. Ficou de pé na barca, em plena borrasca, e com um gesto imperativo calou a ventania e fez dormir as águas.
        Nós somos como os discípulos: pequenos, medrosos, inseguros. Nossa esperança se evapora nas crises. A coragem vira pó ao primeiro obstáculo. A fé se congela à primeira tentação. Até parece que Jesus não está no mesmo barco!
        O barco é a família. Navega contra o vento do consumismo, da busca de prazeres, da rebeldia dos filhos. Navega contra as toxinas da TV, a propaganda do ateísmo, o ácido da contracepção. E tudo indica que vamos soçobrar...
        O barco é a Igreja. Navega contra as correntezas do ateísmo, do racionalismo, do relativismo. Navega contra as pressões do paganismo que renasce, das calúnias dos meios de comunicação, da desobediência dos próprios ministros. E tudo sugere que não chegaremos ao porto...
        O barco é o planeta. Navega contra a destruição ambiental, a expansão das epidemias, o esgotamento dos recursos naturais. Navega contra as mazelas do sistema econômico, contra o terrorismo fundamentalista, contra a corrida armamentista. E tudo aponta para o caos...
        Mas alguém dorme no fundo do barco. Dorme? Ou finge que dorme, esperando que se eleve um grito universal, em todas as línguas, de todas as nações: “Salva-nos, Senhor, que perecemos” ?
        Chegamos a pensar que o progresso científico livraria a humanidade de seus males. Depois de Hiroshima, a ilusão se dissipou em forma de cogumelo. Chegamos a pensar que acordos políticos suavizariam os ódios internacionais. O fracasso da ONU jogou por terra este remédio. A quem recorrer?
        Recorramos, confiantes, Àquele que parece dormir, mas apenas espera pelo grito da Humanidade.

Orai sem cessar: “Não dormirá aquele que te guarda!” (Sl 121 [120], 3)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Nem tocas nem ninhos... (Mt 8, 18-22)
       Um escriba se apresenta a Jesus e se diz disposto a segui-lo. Jesus recusa seu oferecimento. Entendidos na Lei mosaica, a Torah, os escribas eram conhecidos como “legistas” ou “doutores da Lei”. O povo tratava-os respeitosamente de rabi, isto é, de “meu senhor”.
       Ora, Jesus conhecia muito bem as disposições interiores necessárias para segui-lo. Um rude pescador, como Pedro, ou um áspero zelota, como o outro Simão, enfrentariam mais facilmente as dificuldades da vida de discípulo. Por isso mesmo, Jesus começa por mostrar as condições de vida do próprio Mestre: não dispõe de tocas, como as raposas, nem de ninhos, como as aves do céu. Isto é, nenhum lugar de repouso, nenhum porto seguro. Pobreza total.
       Seguir a Jesus significa adotar seu estilo de vida. Carência de meios, ausência de seguranças, prestígio nenhum. Obviamente, o escriba não estava à procura de uma condição assim...
        Pode acontecer que nos deixemos iludir por uma falsa imagem da vida cristã, enfeitada de purpurinas e acolchoada de confortos. Ora, o caminho do cristão sempre foi áspero. E quanto mais o mundo se deixa paganizar de novo, tanto mais o seguimento de Jesus exigirá sacrifício e despojamento. Sem disposição para sofrer, é impossível ser fiel a Cristo.
        Exemplo? Muitos casais cristãos preferem limitar drasticamente o número de filhos a viver uma vida sóbria e simples. Alegam que filhos dão trabalho, tomam todo o tempo e custam caro. Esses pais deixam de ter trabalho com os filhos para ter trabalho com o patrão. Deixam de gastar tempo com os filhos para gastar tempo com a TV. Deixam de gastar dinheiro com os filhos para gastar dinheiro com viagens e lazer. Estão seguindo a Jesus?
       Talvez tenham certa razão. Se o número de filhos aumenta, talvez não possam ter um automóvel e andarão de ônibus. Talvez fiquem muito ocupados e tenham de dormir menos. Talvez devam ocupar-se com os estudos das crianças e não poderão passear nos fins-de-semana. Viverão cansados, esquecidos de si mesmos. Acabarão vivendo uma vida de pobres. E assim ficariam tal como Jesus: sem tocas nem ninhos. Verdadeiros discípulos...
        Minha vida está parecida com a vida de Jesus? Ou ele ainda não me disse para deixar que os mortos enterrem os seus mortos?

Orai sem cessar: “Se vos possuo, Senhor, nada mais me atrai na terra!”
(Sl 73, 25b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.
PALAVRA DE VIDA
Um copo de água... (Mt 10, 37-42)
        Vivemos entre muitos amores. E é preciso hierarquizar o amor. Nenhum amor pode competir com o amor de Deus. Seria idolatria absolutizar qualquer amor humano, entronizando-o no pedestal que cabe ao Absoluto! Mesmo os afetos mais entranhados – o carinho pelos pais e a ternura pelos filhos – devem estar subordinados ao Amor maior.
        Na verdade, se nosso coração não está cheio do amor de Deus, veremos os pais como opressores e os filhos como fardos. Nosso amor humano, diria o poeta, é “raquítico, político, sifilítico”... Dura pouco, exige troco, precisa ser purificado.
        Mas todo amor será recompensado, sem exceção. Toda vez que saímos de nós mesmos e partilhamos nossas posses, Deus vê, sorri e recompensa... E não importa o valor do dom, a quantidade doada, importa a intenção. Deus vê nosso íntimo e o verdadeiro motivo de nossos gestos. Por mínimo que ele seja – um simples copo d’água! -, se for feito com amor, não ficará sem recompensa!
        Foi pensando nos gestos de amor de Madre Teresa de Calcutá que eu escrevi este soneto: “Teresa, eu vi...”

Teresa, eu vi o teu olhar passando

No meio da miséria deste mundo

E creio que enxerguei ali, bem fundo,

Os olhos de Jesus quase chorando...

Teresa, eu vi teus passos caminhando

Sobre as poças do barro mais imundo,

E a torrente a brotar do mais profundo:

Lavando o ódio... as almas consolando...

Teresa, eu vi tuas mãos feitas doçura

Para adoçar dos pobres a amargura,

Ouvindo a cantilena de tua voz...

E agora que, no céu, enfim descansas,

Estende sobre nós as mãos tão mansas

Para que o Amor cresça também em nós!


Tenho tempo para o Outro? Ou vivo fechado em minha ilha particular?

Orai sem cessar: “Senhor, ensina-me a amar!”

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

sábado, 25 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
25/06/2005 – Eu não sou digno... (Mt 8, 5-17)
            Um centurião romano, chefe de cem soldados, está acostumado a dar ordens e a vê-las cumpridas. Uma só palavra e basta! Por certo, já está informado sobre Jesus, o estranho Rabi da Galileia que cura os enfermos e liberta os possessos. Reconhece sua autoridade sobre os males físicos e espirituais. Este reconhecimento (uma modalidade de fé?) é que o anima a rogar pelo servo doente.
Ao ver que Jesus faz menção de ir à sua casa, o romano se espanta, atrapalhado: não precisa tanto, basta uma palavra! Afinal, um judeu que entrasse no ambiente “impuro” do estrangeiro, ficaria também ele ritualmente impuro. E o centurião tem um argumento invencível para que Jesus de Nazaré não visite seu lar, a casa de um estrangeiro, invasor e “pagão”: “Senhor, eu não sou digno!”
Como não pensar naquele publicano da parábola (cf. Lc 18, 9ss), que sequer se aproximava do altar e, lá do fundo do Templo, olhos no chão, batia no peito e se rebaixava diante do Senhor: “Tem piedade de mim, que sou pecador”?
Não é sem motivo que nossas Eucaristias começam por um ato penitencial. É, talvez, uma tentativa desesperada da Igreja para nos recordar nossa condição de pecadores. Espera-se que, batendo no peito, examinando a própria consciência, nós desistamos da impropriedade de cobrar alguma coisa de Deus, ou de apresentar-lhe nossos méritos (aliás, inexistentes) ou, mesmo, reclamar asperamente do Senhor pela má qualidade dos serviços que Ele nos presta...
Como nos faz falta esse sentimento de indignidade! O mesmo sentimento do pródigo que volta para casa com um discurso ensaiado: “Já não sou digno de ser chamado teu filho... Podes tratar-me como um dos empregados...” (Lc 15, 19.) Para ouvir, surpreso, a resposta do Pai: “Não tem jeito, meu filho! Enquanto eu for Pai, tu serás meu filho!”
É assim que se descobre a verdade fundamental em nossa relação com Deus: não somos amados porque somos bons; somos amados porque somos filhos... Não é por mérito nosso. É pelo amor do Pai...
Como eu me apresento diante de Deus? Desfio o longo rosário de minhas boas ações e cobro retribuição? Ou confesso meus pecados e recebo seu perdão?
Orai sem cessar: “Junto ao Senhor se acha a misericórdia!” (Sl 130, 7)
Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
E ficaram todos admirados... (Lc 1, 57-66.80)
        É claro que eles tinham bons motivos para ficarem admirados! Engravida e dá à luz uma mulher idosa e estéril. O pai fica mudo, depois de visitado por um anjo. A mãe escolhe o nome do filho, quando tal tarefa cabia ao pai. Estamos diante de uma autêntica revolução! Que menino seria aquele?!
        A admiração só iria crescer com o passar do tempo, quando o jovem João se retirasse para o deserto, vestido com o cinturão de couro dos profetas, e acabasse acompanhado por numerosos discípulos e procurado por incontável multidão, atenta ao anúncio de um Reino que se aproximava. (Mt 3, 4ss.) A admiração, mesclada a uma dose de medo, chegaria ao palácio de Herodes, para quem os brados do Batista soavam como chicotadas. Seria ele o Messias?
        Não. Não era ele o Messias, mas a voz que clama no deserto (cf. Is 40, 3). Sua missão era aguardar que surgisse ali, na margem do Jordão, Aquele que iria batizar no fogo e no Espírito. Então, João apontaria um longo indicador – como na tela de Matthias Grünewald – e bradaria bem alto, para todos ouvirem: “Eis o Cordeiro de Deus, a vítima que tira o pecado do mundo!”
       Cumprida esta missão, já podia ser preso e degolado. Importava que Jesus crescesse e ele fosse diminuído. Se até aqui admirávamos o perfil ascético e a extrema ousadia de João, agora devemos admirar a sua humildade.
        Pena que tenhamos perdido a capacidade de nos admirar das obras que Deus realiza em nossa vida. Assim como o povo judeu, cuja história registrava notáveis intervenções de Deus em seu favor, também nós ficamos “vacinados” diante da ação divina... Como se Deus tivesse obrigação de gerar vidas, mandar mais chuvas, manter os astros em suas órbitas. Como se tudo fosse... “natural”...
        Cada criança que nasce deveria levar-nos a mirar, remirar e admirar a obra do Deus da vida, que insiste em nos dar filhos e filhas. Cada nova estação, cada nova sementeira e cada nova colheita despertariam nosso louvor e nossa ação de graças. Deus permanece fiel. Seus dons não se esgotam. Dá-nos força para a missão. A vida faz sentido.
        Ao celebrar a natividade de João Batista (o único natalício celebrado pela Liturgia, além dos de Jesus e Maria), deveríamos fazer uma pausa para contemplar as maravilhas de Deus em nossa própria vida. E nos perguntar sobre a missão que o Senhor reservou para nós.
        Estamos sendo fiéis à nossa missão?

Orai sem cessar: “O Senhor deu-me a língua de um discípulo.” (Is 50, 4)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
O pão vivo... (Jo 6, 51-58)
        Na história do povo hebreu, o dom do maná – alimento que caiu do céu por 40 anos no deserto – era o grande sinal da Providência divina. Mas os “pais” comeram e... morreram. Agora, vem o Filho de Deus e se oferece como alimento de vida eterna, garantindo a aos participantes de sua mesa a vitória sobre a morte eterna.
        Hans Urs von Balthasar aponta para a unidade entre a Palavra de Deus e o Pão de Deus, milagre ocorrido na própria Pessoa de Jesus Cristo. Na prática, algo inconcebível até para os discípulos que o ouviam. Não admira que muitos o abandonassem após esse anúncio (cf. Jo 6, 66).
        Jesus pode transmitir a Palavra de Deus, mas como sua carne e seu sangue se farão uma só coisa com sua palavra? E Ele chega a dizer que não nenhuma perspectiva de vida eterna para quem não come de sua carne e não bebe de seu sangue. Por isso mesmo, parece que não se trata de mero convite, mas Jesus parece “forçar” essa alimentação.
        Von Balthasar lê assim: “Somente aquele que O recebe como alimento tem em si a Palavra de Deus e, por ela, o próprio Deus. Aqui toda comparação com o maná é claudicante, pois eles estão “mortos”, não obtiveram a vida eterna. Esta só é obtida por meio da refeição aqui oferecida”.
        Diante dessa revelação, comenta o teólogo suíço, só temos uma escolha: o “não” da multidão que desde então o abandona, ou o “sim” cego de Simão Pedro, não vendo outro caminho de eternidade a não ser Jesus.
        Não foi à toa que a experiência do maná aconteceu em pleno deserto. Que outra escolha teriam os hebreus no seu êxodo? Foi uma experiência pedagógica que Deus “forçou”, assim como os pais forçam os filhos... por amor. Deus nos empurra a uma situação “sem saída”. Ali, sobrevive apenas quem dá o salto na fé.
        Jesus é categórico: “Minha carne é verdadeiramente comida e meu sangue verdadeiramente bebida”. Quem aceita participar do banquete, “tem a vida nele”. Quem recusa o convite, recusa a vida.
        Bem-aventurada a multidão faminta que acorre ao banquete do Cordeiro, ouvindo o convite final: “Aquele que tem sede, venha! E que o homem de boa vontade receba, gratuitamente, da água da vida!” (Ap 22, 17.)
Orai sem cessar: “E nos dias de fome serão saciados...” (Sl 37, 19)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Por seus frutos os conhecereis... (Mt 7, 15-20)
        Quando Jesus nos contou a alegoria da “videira verdadeira” (cf. Jo 15), deixou claro que o Agricultor (o Pai) espera pelos frutos. Por isso, poda o ramo que dá fruto, para que frutifique ainda mais. Mas “limpa” o tronco dos “cavalos”, isto é, dos ramos estéreis que sugam a seiva sem retribuir em nada.
       Já vimos também que uma figueira foi amaldiçoada por Jesus, porque nela não encontrou os frutos procurados (cf. Mt 21, 19).
       Mas não basta frutificar. É preciso ver que tipo de frutos a árvore dá. Há frutos de salvação e frutos de perdição. Frutos que alimentam e frutos que intoxicam. Quando Dom Bosco teve de esperar pela morte de seu bispo para ver sua Congregação autorizada a ir em missão para o estrangeiro, sua obediência deu frutos de salvação. Quando um teólogo, superestimando o próprio saber, se rebela contra a Igreja, que podou seus excessos teóricos, está semeando uma seara de rebeldia e de contestação que afastará muitos fiéis do bom caminho.
        No âmbito da família, o trabalho do pai, a presença da mãe, a obediência dos filhos são indicadores seguros de que a vontade de Deus é levada a sério. Este lar será abençoado. Já o pai farrista, a mãe ausente, os filhos rebeldes apontam na direção oposta: a vontade de Deus não é levada em conta na sua maneira de viver. Óbvio, a colheita destas duas famílias será bem diferente...
        O povo tem vários ditos que expressam a mesma sabedoria. Um deles afirma: “Quem semeia ventos, colhe tempestades”. E um sério exame de consciência há de nos mostrar que boa parte das tempestades que nos assaltaram foram causadas por nossos próprios pecados, escolhas mal feitas, inclinações que não tiveram freio...
       Outro ditado caipira garante: “Quem nasce pra ser pato, não chega a saracura”. Determinismos à parte, o comportamento das duas aves manifesta a sua índole própria. Assim, quem se entrega à preguiça, pouco colherá. Quem se abandona à ira, afastará até quem o amava. Quem se deixa dominar pela luxúria, destruirá seu lar. E os frutos denunciarão a árvore má.
       Ao contrário, o trabalhador disciplinado recolherá os benefícios de seu trabalho. O homem que domina sua raiva será respeitado como um homem forte. Os esposos fiéis farão de seu lar a casa construída sobre a rocha, edifício que as tempestades da vida não poderão derrubar.
        Que árvore sou eu? Que frutos brotam de meu coração?

Orai sem cessar: “Espírito Santo de Deus, dai-me os vossos sete dons!”

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

terça-feira, 21 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Entrai pela porta estreita! (Mt 7, 6.12-14)
        Um comentarista desta passagem classificou o conselho de Jesus como um “convite imperioso”. De fato, trata-se de um imperativo. Sabemos, sim, que Deus é o primeiro a respeitar a liberdade que ele mesmo nos quis dar. Mas fica ressoando aos nossos ouvidos aquela ordem do Senhor do Banquete aos servos enviados às encruzilhadas para arrebanhar os trôpegos, os mendigos e aleijados: “Compelle intrare!” Isto é: “Obriga-os a entrar!”
        É como se Deus, que é Pai, apaixonado por seus filhos, forçasse um pouco a barra para nos levar à felicidade celeste. Ele sabe de nossa fraqueza, da infantilidade carnal que nos leva a ser seduzidos pelas purpurinas deste mundo, na ilusão de ser ouro puro...
        Mas o Pai sabe que devemos fazer força e colaborar com sua Graça para chegar à salvação. O Apóstolo Paulo sabia disso. Por isso escreveu: “Todos os atletas se impõem muitas privações; e o fazem para alcançar uma coroa corruptível. Castigo o meu corpo e o mantenho em servidão, de medo de vir eu mesmo a ser excluído depois de ter pregado aos outros”. (1Cor 9, 25. 27.)
        De fato, quem se permite todos os prazeres, todas as facilidades, buscando fazer sempre a própria vontade e seguindo suas inclinações naturais, este optou pela porta larga: “a via que leva à perdição”. Todos os mestres espirituais sempre ensinaram que é preciso morrer para nós mesmos, se é que queremos fazer a vontade de Deus. Esta é exigente, supõe uma permanente superação de nossas más tendências e inclinações naturais.
        Hoje, a vida ascética é objeto de risos e zombarias. Talvez isto se explique por excessos cometidos em sacrifícios artificiais, como misturar cinza à própria comida, ou exagerar em jejuns que acabam com a saúde e inabilitam para a missão. Mas o exercício de abrir mão de nossas preferências, obedecendo a Deus nos pais e superiores, continua válido como escola de santidade.
        Não é possível seguir a Jesus quando nós somos nosso próprio “deus”. O caminho do Calvário, paradoxalmente, é uma “subida para baixo”: humilhar-se, rebaixar-se, ceder a vez, assumir as tarefas que todos rejeitaram. Os santos viveram assim. Isto explica que os intelectuais e acadêmicos tenham tal alergia pela leitura da vida dos santos, tão ao gosto do povo simples...
        E eu? Que estrada estou seguindo? A free-way da minha vontade própria? Ou o trilho pedregoso da vontade de Deus?

Orai sem cessar: “Senhor, faz-me viver em teus caminhos!” (Sl 119, 37)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Não julgueis! (Mt 7, 1-5)
        Somos uma sociedade contabilizada. A vida das pessoas é gravada em um livro com três colunas: DEVE / HAVER / SALDO. E se alguém deve, tem de pagar! Todo mundo estranha quando se fala em perdão, rasgar faturas, zerar a conta. Como quando os filhos de Aldo Morro foram à TV para dizer que perdoavam, de todo o coração, aos membros das Brigadas Vermelhas que haviam sequestrado e executado seu pai. Ou quando João Paulo II foi à cadeia para dar o perdão ao terrorista que tentara matá-lo.
        Quando um crime com traços de barbárie vem a público, muitas vozes se erguem para clamar por pena de morte, quando o criminoso não é linchado pela população antes da chegada da polícia. Tomamos a justiça nas próprias mãos. Sentimo-nos capazes de avaliar os impulsos que levaram o criminoso ao crime. Talvez devamos confessar: alimentamos ódio pelo criminoso...
        Aí, vem o Senhor Jesus – exatamente aquele que será nosso Juiz, no grande dia do Juízo Final, – para ordenar: “Não julgueis”... E acrescenta: “Para não serdes julgados”... Alerta-nos para nossa condição de réus: todos nós devemos passar por um “juízo particular” ao final de nossa vida (cf. Hb 9, 27). Na Segunda Vinda, o Cristo Senhor “há de vir a julgar os vivos e os mortos”, professamos no Símbolo dos Apóstolos. Logo, não estamos em condição de bancar o promotor nem o magistrado que condena conforme a lei.
        E se ainda fosse pouco, Jesus acrescenta: “Com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos”. O rigoroso encontrará rigor. O impiedoso terá impiedade. O misericordioso achará misericórdia. E Deus ama os criminosos como os pais continuam amando os filhos pródigos.
        Sabendo disso, S. Teresinha do Menino Jesus, ainda adolescente, ao saber de um criminoso que seria levado à guilhotina, resolveu adotá-lo como “seu filho”. E pediu a Deus um sinal de sua conversão. Na hora do cadafalso, registram os jornais da época, Henri Pranzini tomou o crucifixo das mãos do padre e beijou-lhe as chagas. No Séc. XX, também Marthe Robin ofereceu suas dores e preces por Jacques Fesch, um homicida. Na prisão, o criminoso voltou-se para Deus e morreu com fama de santidade. Seu diário justifica tal fama.
        Com certeza, haverá surpresas no outro mundo. Certas ausências no céu (e certas presenças no inferno) confirmarão a frase de Jesus: “Não julgueis!”
        Sei perdoar? Compreendo as falhas alheias? Ou julgo e condeno?

Orai sem cessar: “Este miserável clamou e o Senhor o ouviu!” (Sl 34, 7)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

domingo, 19 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Tanto amou! (Jo 3, 16-18)
        No Domingo da Santíssima Trindade, a liturgia poderia apresentar-nos um Deus poderoso, uma espécie de Júpiter Tonante a despedir raios de fogo do alto do Sinai. No entanto, ela prefere nos falar de um Deus Amor.
        Sabemos muito bem que o amor de Deus já fora manifestado de várias maneiras, seja pela criação do homem e da mulher, seja pela formação de um povo predileto, seja pela libertação desse povo da condição de escravos no Egito.
       Mas ainda parecia pouco. Povo de “dura cerviz” – isto é, incapaz de dobrar a coluna cervical diante da vontade de Deus -, seria preciso um sinal ainda mais palpável da filantropia divina. Este sinal definitivo nos foi dado no Calvário...
       João, apóstolo e evangelista, o único dos apóstolos presente aos pés da cruz, foi testemunha ocular do maior gesto do amor de Deus: “entregar” – o mesmo verbo atribuído a Judas Iscariotes!? – seu Filho, o único gerado [no original grego, monogenê] ao arbítrio dos homens, “para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”.
      A “entrega” que o Pai nos faz de seu Filho é um gesto de confiança. O Pai “confiava” [pode-se traduzir tradere por confiar!] que seu Filho seria bem acolhido, como na parábola dos vinhateiros maus. E ao nos confiar seu maior tesouro, o Pai demonstrava seu infinito amor por nós.
       Não sem razão, os Padres da Igreja do Oriente falam do louco amor de Deus – manikós eros – revelado no Calvário. Diferentemente das divindades pagãs, eu exigiam o sangue dos homens para aplacar sua ira, nosso Deus se deixa sangrar para nos salvar...
       E aqui se vê a suprema glorificação do Filho de Deus, ao “amar até o fim” (cf. Jo 13, 1), isto é, até a morte. Amor sem limites, sem barreiras, sem condições. Em profunda comunhão, o Pai e o Filho não oferecem limites ao seu Amor. Amor que é uma pessoa: o Espírito Santo.
       Ao traçar sobre nós o sinal da Cruz, repetindo os Nomes sagrados do Pai e do Filho e do Espírito Santo, devemos fazer a experiência de ser inundados pelo Amor. A contemplação do Crucificado já não pode deter-se no sofrimento do Cordeiro imolado, mas deve elevar-se às altitudes de um amor inigualável.
       E nós somos o alvo desse amor...

Orai sem cessar: “Meu bem-amado é para mim...” (Ct 2, 16)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

sábado, 18 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Olhai os lírios do campo! (Mt 6, 24-34)
        O escritor gaúcho Érico Veríssimo escreveu um belo romance com este título. No Evangelho, os lírios do campo são pequenas flores douradas que cobrem as planícies da Palestina, poucos dias depois de um leve orvalho, pois são raras as chuvas naquelas paragens. Uma amiga nossa andou por lá e teve a gentileza de nos trazer uma amostra desses lírios.
        São flores pequenas, sim, mas tão numerosas, que os campos parecem recobertos de ouro. Nem Salomão – disse Jesus – vestiu-se com tanto luxo! E os lírios não trabalham nem fiam!
        Claro que Jesus não está fazendo o elogio da preguiça! Apenas quer mostrar que a vida depende de Deus. Não de nós. A outra imagem do Mestre foi a das aves do céu: não semeiam, não colhem, não acumulam grãos no celeiro e... não passam fome!
        E Jesus é explícito ao dizer: “Vosso Pai celeste as alimenta!” Para, a seguir, perguntar, não sem certa ironia: “E vós? Quanto valeis para o Pai? Menos que os pardais?” Ora, se os lírios do campo... Ora, se as aves do céu... Ora, seus filhos cabeçudos, Deus – que cuida das criaturas insignificantes – não cuidaria também dos filhos?
         A conclusão é que os preocupados, os tensos, os estressados são exatamente como os pagãos, que ignoram a paternidade divina: agem como órfãos! Comida, bebida, vestes – tudo interessa ao Pai do céu. Ele “sabe”, diz Jesus.
        Minha esposa e eu também sabemos... Durante dez anos inteiros, vivemos sem emprego, sem salário, sem qualquer renda fixa, pagando aluguel, e dois filhos fizeram faculdade. Dedicados à missão de evangelizar, recebemos da Providência divina todo o necessário. Deus sempre age por mediações humanas, por “anjos de carne e osso”, muitos deles impelidos pelo Senhor em plena oração. Durante o Plano Cruzado, quando os ricos tinham dinheiro, mas as prateleiras dos mercados estavam vazias, nossa mesa jamais esteve sem comida.
        O dia de amanhã assusta muita gente. É uma pena! Sofrendo com o amanhã, esquecem-se de dar graças pelo dia de hoje...
        E você? Também vive como pagão?

Orai sem cessar: “Deus dá o pão a seus amados até durante o sono!” (Sl 127, 2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Onde o tesouro, aí o coração... (Mt 6, 19-23)
        Já ouvi pessoas a dizerem frases como esta: “Se eu ganhasse na loteria esportiva, todos os meus problemas estariam resolvidos!” Por um lado, este filósofo considera que a economia e as finanças determinam o sentido de sua vida; por outro lado, absolutiza o dinheiro, dele fazendo um ídolo. E Deus cede seu lugar no pedestal...
        No Evangelho de hoje, Jesus aponta para o caráter efêmero, transitório e, por isso mesmo, relativo dos bens deste mundo. Você junta um tesouro e pode perdê-lo para o cupim (que rói) ou para o ladrão (que rouba). Quantas vezes uma mulher juntou moeda por moeda e, enfim, conseguiu comprar o vestido fino (e caro!) que ocupava os seus sonhos. Pouco depois, ao abrir o guarda-roupa, vê que as traças fizeram um rendilhado no seu “tesouro”!
        Claro que Jesus não estava preocupado com nossos prejuízos materiais! Ele lamenta que nossa loucura nos leve a orientar nossa vida para acumular valores relativos e, em consequência, deixemos de lado ou em segundo plano o valor absoluto, que é o amor do Pai. “Porque onde está o teu tesouro, aí está o teu coração.”
        O tesouro pode ser um diploma sonhado. Pode ser o “marido ideal”. Pode ser um bichinho de pelúcia, sem o qual a noite se transforma em pesadelo. E como Deus nos quer livres e espiritualmente maduros, sempre usará da pedagogia de nos levar a perder o “tesouro” (com minúscula), tentando abrir nossos olhos - e nosso coração! - para o Tesouro (com maiúscula)...
        Jesus faz referência a um tal “olho doente”, que pode cobrir de trevas toda a nossa pessoa. O Apóstolo João fala da “concupiscência dos olhos” (1Jo 2, 16), que atrai nossa atenção para os brilharecos deste mundo e nos distrai do Senhor. E não deixa de ser trágico gastar toda a vida para acumular aquilo que não poderemos levar para a eternidade: casas, terras, dinheiro, carros, sucesso...
        Lembram-se do jovem rico que desejava seguir a Jesus? Era bom e justo, mas apegado a sua herança. Esse apego o impediu de dar o grande passo de sua vida. Desde o início, a Igreja descobriu que o seguimento fiel a Jesus exigia o amor à vida sóbria e à simplicidade, daí o voto de pobreza.
        E quanto a nós? Onde está o nosso tesouro? Onde ancoramos o nosso coração?

Orai sem cessar: “Se vos possuo, nada mais me atrai na terra!” (Sl 73, 25b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Pai! (Mt 6, 7-15)
        Uma vez, recebemos em casa a visita de um amigo que trazia consigo um jovem judeu, estudioso das Escrituras, que se preparava para ser rabino. Em dado momento, eu lhe disse: “Nós, os cristãos, chamamos a Deus de ‘Abbá’”. O jovem judeu enrubesceu de pudor. E exclamou: - É... Vocês são ousados!
        E ele tinha razão. Esta é nossa ousadia de filhos de Deus: dirigir-se ao Deus Altíssimo, o Senhor dos Exércitos, com um vocativo aramaico que só uma criancinha de colo, íntima e confiante, ousaria dizer a seu “paizinho querido”.
        Mas não erramos ao tratar o Senhor com tanta intimidade. Foi o próprio Jesus, o Filho, quem nos ensinou a falar a Deus como uma criancinha de peito, sem recorrer a torneios de retórica e fórmulas de polidez. “Quando orardes, dizei assim: ‘Pai nosso...’ O exegeta alemão Joachim Jeremias escreveu um livro sobre os traços centrais do Novo Testamento, aquilo que o faz típico em relação ao Antigo Testamento. E a principal “novidade” dos tempos da Nova Aliança está bem aqui: a descoberta – revelada por Jesus – de que Deus é Pai.
        Permitam-me transcrever um trecho de meu livro “Assim na Terra como no Céu”, onde faço uma catequese sobre o Pai Nosso: “Todo cristão é portador de um segredo. Deus é Pai. Meu Pai. Imagine-se na pele de um catecúmeno dos primeiros tempos, na aurora da Igreja. Durante seu Catecumenato, sendo preparado para o batismo sacramental, só lhe permitiram que participasse da primeira parte da liturgia eucarística: a “missa dos catecúmenos”. Antes da segunda parte – a “missa dos fiéis”, leia-se “dos batizados” – foram convidados a se retirar do local da celebração, com as portas devidamente aferrolhadas. Lá dentro, a salvo dos olhos do mundo, os cristãos celebravam o “mistério”.
        “Pois imagine-se, agora, no dia de seu Batismo... Pela primeira, você participa da missa inteira. Num dado momento, toda a Assembleia (inclusive você) chama a Deus de Pai. Pai nosso... Imagine a sua emoção ao descobrir essa intimidade possível... Ao descobrir que Deus – o nosso – nos permite (e quer!) esse tratamento de filhos a um Pai-Amor...”
        Incoerentes são os teóricos de nosso tempo que pretendem que os homens sejam fraternos, as nações vivam em paz, a tolerância amenize as diferenças culturais e, ao mesmo tempo, negam a existência de Deus. Ora, se Deus não existe nem é nosso Pai, nunca seremos irmãos, mas lobo contra lobo!
       Estamos vivendo como filhos?

Orai sem cessar: “Ó Pai, eu sou teu filho!”

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Não toques trombeta! (Mt 6, 1-6.16-18)

        Calma! Jesus não tem nada contra os trombonistas! Mas sua expressão figurada nos ensina a discrição até no fazer o bem. Podemos estragar uma ação boa com nosso exibicionismo. Dizem que os fariseus, ao lançar as moedas nos cofres do templo, deixavam que caíssem bem do alto: assim, com seu tilintar, todos olhariam naquela direção e veriam a cara do piedoso doador. Pois, sim...
        A mãe de um amigo meu morava em uma cidade do interior de Minas. O marido tinha um pequeno comércio, ou melhor, uma “venda”, como se dizia naqueles tempos. Toda manhã, discretamente, escondida do marido (ou ele fazia vista grossa?), ela pegava uma bolsa com 2 ou 3 quilos de mantimentos e visitava uma família pobre. Somente após sua morte, veio à tona a sua caridade. E todos compreenderam por que motivo metade da cidadezinha era composta de afilhados e afilhadas daquele casal. Até Jesus aplaudiria esse tipo de caridade...
        A caridade cristã não tem nada a ver com filantropia. Os filantropos e clubes de serviço não sabem fazer o bem sem anexar rumorosa propaganda: vejam só o que estamos fazendo! Das obras dos políticos, nem se fale! A placa chega a ser maior que a obra executada!
        Para nós, Jesus propõe um caminho de vida interior, sem máscaras e purpurinas. O Pai vê o que é secreto e nos recompensará por nossos gestos de amor. Ao contrário, se damos um jeitinho de aparecer aos olhos dos homens, “já recebemos nossa recompensa”, isto é: nossa goiaba já nasceu bichada!
        Madre Teresa de Calcutá, em suas memórias da infância, conta que em sua casa, na Albânia, muitas vezes havia pessoas estranhas à mesa. Quando perguntava quem eram elas, a mãe respondia: “São parentes nossos que moram longe daqui”. Na verdade, eram pobres sem recursos, que passavam por lá, refugiando-se da guerra. A mesma mamãe ensinaria à pequena Teresa: “Se você fizer alguma caridade, que ninguém o perceba!”
        Jesus fala concretamente do jejum e da oração, práticas louváveis que devem ser igualmente discretas. Deus aprecia a simplicidade. Mas deve tapar os ouvidos para não ouvir certas orações que fazemos, cheias de palavras eruditas, altissonantes, mas sem nenhuma ressonância interior... Puro exibicionismo!
        Por isso o conselho de Jesus: rezar no quarto em segredo, onde apenas os olhos do Pai estão voltados para nós. Ali será mais sincera a nossa oração...

Orai sem cessar: “Como a criança no seio materno, como tal criança são meus desejos.” (Sl 131, 2)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

terça-feira, 14 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Amai os vossos inimigos! (Mt 5, 43-48)

        Os amigos, nós escolhemos. Os inimigos, não. Muitas vezes, já nascemos com inimigos. Perguntem à criança palestina, cujo pai morreu antes que ela nascesse, fuzilado por uma patrulha israelense... Perguntem ao menino negro do Sul dos EUA, que não podia sentar-se no ônibus se houvesse brancos na mesma viagem... Perguntem à jovem croata, cujo filho nasceu depois de ser estuprada por um soldado sérvio...
        Aí, vem o Senhor Jesus – aquele que mataram em uma cruz – e diz-nos com voz suave e firme: “Amai os vossos inimigos!” Ah! Parece impossível! Fazer como Estevão, o primeiro mártir, que rezou enquanto era lapidado: “Senhor, não lhes leves em conta este pecado!” (At 6, 60.)
        Bem, pode não ser fácil, mas Jesus não nos pediria algo impossível. Ele não nos diria absurdos! É que o Mestre tem algo em mente, um elevado ideal a ser perseguido por nós. É como se dissesse: “Afinal, vocês querem, ou não, ser filhos do Pai do Céu? Ele, que faz o sol nascer para todos – os justos, seus amigos, e os injustos, seus inimigos! E manda a chuva cair no quintal de uns e de outros, igualmente...” E arremata: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste!”
        Então é isto! O Pai celeste não conhece o ódio. Ele é todo amor. Se nosso coração também ficar cheio de seu amor, também esvaziaremos o ódio de nosso interior. Se o Espírito de Deus mover nossas emoções e sentimentos, então os nossos atos serão também marcados pelo amor.
        Alguém dirá: Você não conhece meu patrão! Você não conhece meu vizinho! Você não conhece minha sogra! E eu direi: Sim, não OS conheço. Mas eu ME conheço. Sei de meus defeitos. Sei de meus pecados. E preciso ser perdoado e amado, senão minha vida será um inferno. E se eu preciso de perdão e de amor, como poderia negar o mesmo amor e o mesmo perdão aos outros?
       Bem, vamos fazer um reparo. O cristão não tem inimigos. Pode ser perseguido, caluniado, martirizado, mas se recusa a classificar seu algoz como inimigo. Afinal, se o martírio nos abre a porta do céu, nosso carrasco nos faz imenso bem! E os pequenos algozes de cada dia, aqueles que nos fazem sofrer de mil maneiras, também eles colaboram para nossa santificação. Logo, não são inimigos, são colaboradores...
        A quem eu devo perdoar, para merecer o nome de filho de Deus?

Orai sem cessar: “Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem!” (Lc 23, 34)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

SANTO ANTONIO

"Ó meu Senhor Jesus, eu estou pronto a seguir-te mesmo no cárcere,
mesmo até a morte, a imolar a minha vida por teu amor,
porque sacrificaste a tua vida por nós."

        Protetor dos pobres, o auxílio na busca de objetos ou pessoas perdidas, o amigo nas causas do coração. Assim é Santo Antônio de Pádua, frei franciscano português, que trocou o conforto de uma abastada família burguesa pela vida religiosa
        Contam os livros que o santo nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, e recebeu no batismo o nome de Fernando. Sua infância foi tranqüila, sem maiores emoções, até que resolveu optar pelo hábito. A escolha recaiu sobre a ordem de Santo Agostinho.
        Os primeiros oito anos de vida do jovem frei, passados nas cidades de Lisboa e Coimbra, foram dedicados ao estudo. Nesse período, nada escapou a seus olhos: desde os tratados teológicos e científicos às Sagradas Escrituras. Reservado, Fernando preferia a solidão das bibliotecas e dos oratórios às discussões religiosas. Bem, pelo menos até um grupo de franciscanos cruzar seu caminho. O encontro, por acaso, numa das ruas de Coimbra marcou-o para sempre. Eles eram jovens diferentes, que traziam nos olhos um brilho desconhecido. Seguiam para o Marrocos, na África, onde pretendiam pregar a Palavra de Deus e viver entre os sarracenos.
        A experiência costumava ser trágica. E daquela vez não foi diferente. Como a maioria dos antecessores, nenhum dos religiosos retornou com vida. Depois de testemunhar a coragem dos jovens frades, Fernando decidiu entrar para a Ordem Franciscana e adotar o nome de Antônio, numa homenagem à Santo Antão. Disposto a se tornar um mártir, ele partiu para o Marrocos, mas logo após aportar no continente africano, Antônio contraiu uma febre, ficou tão doente que foi obrigado à voltar para a casa. Mais uma vez, os céus lhe reservava novas surpresas. Uma forte tempestade obrigou seu barco a aportar na Sicília, no sul da Itália. Aos poucos, recuperou a saúde e concebeu um novo plano: decidiu participar da assembléia geral da ordem em Assis, em 1221, e deste modo conheceu São Francisco pessoalmente.
        É difícil imaginar a emoção de Santo Antônio ao encontrar seu mestre e inspirador, um homem que falava com os bichos e recebeu as chagas do próprio Cristo. Santo Antônio era um orador inspirado. Suas pregações eram tão disputadas que chegavam a alterar a rotina das cidades, provocando o fechamento adiantado dos estabelecimento comerciais.
        De pregação em pregação, de povoado em povoado, o santo chegou a Pádua. Lá, converteu um grande número de pessoas com seus atos e suas palavras. Foi para esta cidade que ele pediu que o levassem quando seu estado de saúde piorou, em junho de 1231. Santo Antônio, porém, não resistiu ao esforço e morreu no dia 13, no convento de Santa Maria de Arcella, às portas da cidade que batizou de "casa espiritual". Tinha apenas 36 anos de idade.
        O pedido do religioso foi atendido dias depois, com seu enterro na Igreja de Santa Maria Mãe de Deus. Anos depois, seus restos foram transferidos para a enorme basílica, em Pádua. O processo de canonização de frei Antônio encabeça a lista dos mais rápidos de toda a história. Foi aberto meses depois de sua morte, durante o pontificado de Papa Gregório IX, e durou menos de ano.
        Graças a sua dedicação aos humildes, Santo Antônio foi eleito pelo povo o protetor dos pobres. Transformou-se num dos filhos mais amados da Igreja, um porto seguro a qual todos – sem exceção – podem recorrer. Uma das tradições mais antigas em sua homenagem é, justamente, a distribuição de pães aos necessitados e àqueles que desejam proteção em suas casas.

Homem de oração, Santo Antônio se tornou santo porque dedicou toda a sua vida para os mais pobres e para o serviço de Deus.
PALAVRA DE VIDA
Dá a quem te pede... (Mt 5, 38-42)

        Este Evangelho não passa pela goela. Fica entalado. Nosso conceito de justiça está atrelado ao sentimento de vingança. Por isso tantos defendem a pena de morte: matou, tem de morrer! Como se estivesse em vigor a Lei de Talião: olho por olho... Como se Cristo, ainda na cruz do Calvário, não tivesse pedido ao Pai que perdoasse a seus assassinos!
        E, aferrados à rejeição do conselho de Cristo – oferecer a outra face / dar também a capa -, nem chegamos a ouvir a frase mais importante: “Dá a quem te pede!” E foi o mesmo Jesus quem nos ensinou a pedir ao Pai do Céu: “Pedi e recebereis!” Ora, como pedir ao Pai se não atendemos a quem nos pede?
        Aliás, quando ensinou sobre o Juízo Final, aquele grande Dia em que estaremos perante o Juiz Universal, Jesus se identificou com o faminto que bate à nossa porta, com o enfermo que aguarda nossa visita. Sei não, mas é bom não ir despreparado para o julgamento...
        Hoje, quero dedicar-te um meu soneto: “Preparação para o Juízo”.

Se eu posso ser os olhos para um cego,
Se um pão estendo à fome do andarilho,
Se cuido da viúva como um filho,
Se a quem me pede, estendo a mão, não nego...

        Se, pressuroso, um copo d’água entrego
       Ao sedento que passa pelo trilho,
      Se o pródigo festejo com um novilho
     E vivo exatamente como prego...

Então, serei um bem-aventurado,
Vendo Cristo no irmão que passa ao lado,
Sob a cruz tão pesada do abandono...

       E que alegria quando se descobre
      Que o Rei-Juiz é exatamente o pobre
     Sentado glorioso no seu Trono!

Seria terrível perder o céu por uma capa que não quisemos ceder... Por mil passos que tentamos economizar... Péssima economia!

Orai sem cessar: “Senhor Jesus, ensina-me a amar!”

Texto e poema de Antônio Carlos Santini, da Com. Católica Nova Aliança.

domingo, 12 de junho de 2011

PALAVRA DE VIDA
Recebei o Espírito Santo! (Jo 20, 19-23)

        Eles estavam trancados. Dominados pelo medo. Estavam perturbados pelos acontecimentos recentes. Certamente alimentavam sentimentos de culpa por terem abandonado o Mestre à sua Paixão. Jesus aparece inesperadamente no meio dos discípulos, passando pelas portas fechadas e, soprando sobre eles, diz: “Recebei o Espírito Santo”.
        Para que “serve” o Espírito Santo? Qual a finalidade desse dom? Ora, serve para dissipar o medo, transformando covardes em mártires. Serve para serenar a agitação e trazer de volta a paz. Serve para diluir a culpa e reavivar a confiança na misericórdia do Senhor.
        Mas serve – e aqui está a “novidade” deste sopro sobre os Apóstolos! – para pôr nas mãos da Igreja uma notável “faculdade”, até então exclusiva do próprio Deus: o poder de perdoar pecados! (Cf. Mc 2, 5-11.) Daí em diante, este poder é confiado aos homens, gerido e ministrado pela Igreja de Jesus.
        É importante notar que a iniciativa não partiu dos homens: não são os Apóstolos que fazem tal pedido ao Senhor. Daí a impropriedade de quem afirma que a confissão dos pecados é uma “invenção dos padres”. Ao contrário, é um dom maravilhoso de Deus, que incumbe a Igreja de ser o canal da misericórdia divina junto aos pecadores.
        Desde os primeiros momentos, a Igreja nascente, cheia do Espírito Santo, passa a exercer este ministério. É o que se vê nas palavras de Tiago, em sua Carta: “Confessai os vossos pecados uns aos outros e rezai uns pelos outros, a fim de serdes curados”. (Tg 5, 16.) Assim, não tem nenhum fundamento a atitude de quem diz que confessa seus pecados “diretamente a Deus”, quando o próprio Senhor quis a Igreja como mediadora de seu perdão.
        O “Catecismo” ensina: “Conferindo aos apóstolos seu próprio poder de perdoar os pecados, o Senhor também lhes dá a autoridade de reconciliar os pecadores com a Igreja. Esta dimensão eclesial de sua tarefa exprime-se principalmente na solene palavra de Cristo a Simão Pedro: ‘Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus’ (Mt 16, 19)”. (Nº 1444)
        Há quanto tempo não busco o perdão de meus pecados no Sacramento da Confissão?


Orai sem cessar: “Confessarei minhas ofensas ao Senhor!” (Sl 32, 5b)

Texto de Antônio Carlos Santini, da Comunidade Católica Nova Aliança.